Edição Concessionárias nº570 OE_571_final | Page 34

E d i f i c a ç ã o preendedor várias especificações. E também por conta da exposição, a qualidade de acabamento necessitava ser supe- rior. Trata-se, portanto, de um concreto nada convencional. Assim, segundo a Votorantim Cimentos, um traço ideal de concreto foi estudado por um ano. Segundo a cimenteira, foram utilizados protótipos para avaliar desempenho duran- te a concretagem e depois de aplicado. No total, 70 traços diferentes, com uso de pigmentos e aditivos, foram analisados para se chegar ao concreto ade- quado. As reações diversas na busca de um traço de concreto exigiram que se fizessem vários testes. Os estudos de traços permitem avaliar questão de re- sistência, trabalhabilidade, acabamento e tonalidade – pig- mento mais escuro, como foi descrito em projeto, por exem- plo, é mais sensível às misturas. De acordo com o coordenador de Tecnologia da Votoran- tim Cimentos, Alexandre Menares Benito, o traço utilizado na laje da obra tem a seguinte descrição: concreto auto aden- sável; Fck 60 Mpa; classe de consistência SF2 ( 660 mm-750 mm); cimento CP II E-40; utilização de sílica ativa como parte do aglomerante; agregado graúdo de brita 0 e 1; utilização de gelo para diminuir a temperatura e inibir fissuras de retra- ção térmica; aditivos hiperplastificantes de terceira geração a base de policarboxilatos; aditivos modificadores de viscosida- de para garantir alta coesão; aditivos inibidores de retração; fibras de polipropileno para inibir retração por secagem; e pigmentos inorgânicos de cor Preta (3%). Há uma enorme operação logística para trazer o concreto da usina Engemix, da Votorantim, no bairro do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. Todos os estudos de traços foram feitos nessa unidade da empresa, pois lá existe um amplo laboratório de estudos de concreto. Solução logística está sendo adotada para que os caminhões saiam da concreteira ao canteiro de obras no momento adequado de concretagem, sem que crie filas. O concreto tem que ser lançado em até 2h30 para não se alterar. De acordo com Ricardo Soares, a solução utilizada é o sistema Command Alkon, utilizado em todas as centrais da Engemix. Esta solução promove a integração completa da logística, desde a programação do pedido até o despacho, assim como o acompanhamento da frota de forma dinâmica para otimizar as entregas. Faz-se 430 m³ de laje na torre da Cidade Matarazzo em 6 a 7 horas de trabalho, representando 60 m³ por hora. Usa-se mastro de concretagem e spider nas áreas de sombra para acabamento do serviço da laje. O detalhe é que em cada concretagem in loco de uma laje da torre, a retirada das formas precisa ocorrer também sem falhas. No total, será utilizado 15.980 m³ de concreto na torre. A finalização da concretagem das lajes da torre está pre- vista para terminar em março de 2019. Engemix avalia a evolução do concreto A Engemix, empresa de concreto adquirida em 2002 pela Vo- torantim Cimentos, completa 50 anos de atuação. “O concreto não é tudo igual. Aqui na Engemix, por exemplo, conseguimos desenvolver entre 4 mil e 5 mil tipos diferentes de concreto”, conta Ricardo Soares, gerente-geral de Concreto da Vo- torantim Cimentos. “Por exemplo, se a obra é em um ambiente úmido, o concreto precisa ter características muito particulares para que a ação da água ou da umidade não comprometa o de- sempenho do material”. Ele explica que a Engemix criou comitês formados por clien- tes dispostos a testar novas ideias, e que discutem problemas, melhorias e oportunidades no setor de concreto. Isso tem ajuda- do na evolução do material. Uma das soluções desenvolvidas pela empresa é Adensamix, que tem sido amplamente utilizado nas obras do complexo cultural, comer- cial e hoteleiro Cidade Matarazzo, em construção em São Paulo (SP). 34 | | O u t u b r o / N o v e m b r o 2018 “Por ser bem mais fluido do que os concretos mais conhecidos, o Adensamix favorece o acabamento, dá agilidade na aplicação do produto, eleva a produtividade da obra e elimina a necessidade de estucagem, reduzindo, assim, o número de funcionários ”, diz Ricardo. Uma outra tecnologia da empresa utilizada em concreto está voltada a autocicatrização (self healing), ainda pouco conhecida e aplicada por aqui. “Segundo a característica natural do produto, o concreto abrirá fis- suras que se tornarão uma pas- sagem de água e chegarão até a estrutura de aço, provocando a temível corrosão”, explica Ri- cardo. “Para evitar o contato da água com o aço, é preciso fechar a fissura. Cicatrizá-la”.