COL U N A
D O
ME N D O
A mineração brasileira hoje: aspectos a destacar
José Mendo Mizael de Souza*
Em boa hora, o Instituto Brasileiro de Mineração
(IBRAM) e o Departamento de Engenharia de Minas
da Escola de Engenharia da UFMG realizaram, de 1º
a 3 de agosto de 2018, o 9º Congresso Brasileiro de
Minas a Céu Aberto e Minas Subterrâneas - CBMINA,
que ofereceu a todos um retrato atualizado da mine-
ração brasileira, seus desafios e conquistas.
O evento teve início, como divulgou o IBRAM, com o tema
“Gestão de Riscos na Mineração: da Exploração Mineral ao
Produto Final”, assunto abordado por Camilo de Lelis Farace,
vice-presidente de Operações Brasil da AngloGold Ashanti
Brasil; Gilberto Azevedo, vice-presidente e gerente geral da
Kinross Brasil Mineração; José Luiz Nogueira de Carvalho, di-
retor-presidente da Geosol; Lúcio Flavo Gallon Cavalli, diretor
de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão da
Vale; e Marcos Graciano, diretor da Mineração Taboca.
Infelizmente, a limitação do espaço desta coluna não me
permite divulgar toda a riqueza das apresentações, pelo que
sugiro a todos a leitura da excelente e abrangente síntese
relativa ao evento, divulgada pelo Instituto, da qual consta,
inicialmente, que “a falta de previsibilidade quanto ao cum-
primento e a validade das leis, regras e normas, o alto custo
proporcionado pela morosa burocracia, e distorções nos pro-
cessos de licenciamento operacional e ambiental são fatores
de risco permanente na rotina das mineradoras e, por isso,
agem como bloqueadores a novos investimentos no Brasil.
Apesar dos graves problemas, o Brasil pode superá-los com
capacitação e se tornando mais competitivo, à medida do
possível”.
Além desta síntese, o IBRAM elencou os pontos a seguir:
• Falta previsibilidade e leis não são compreendidas por in-
vestidores estrangeiros;
• Riscos no relacionamento e na alta carga tributária;
• Mineração no subsolo sob risco de estagnação no Brasil;
• Licenciamento ambiental moroso e oferta de água com-
põem sérios riscos à mineração; e
• Solução de novas tecnologias para as mineradoras serem
mais competitivas.
Os participantes do painel abordaram outros temas que
também apresentam riscos às operações minerárias,
como barragens de rejeitos, ambiente regulatório, re-
putação da mineração perante a sociedade e relaciona-
mento com as comunidades.
Os dirigentes empresariais, na oportunidade, afir-
maram, também, que a sociedade brasileira precisa
avaliar essas questões que comprometem a competi-
tividade da mineração - e de outros setores igualmente im-
portantes para a economia - e cobrar mudanças urgentes por
parte das autoridades. Em paralelo, defenderam que as em-
presas devem investir em novas tecnologias e capacitação de
mão de obra para se tornarem mais competitivas.
Por seu turno, foi ressaltado que “a mineração moderna
tem atraído a atenção de governantes brasileiros, como no
estado do Amazonas. O governo se manifesta publicamente
que a mineração é uma oportunidade econômica relevante
para aquele estado”. São sinais, como este, que animam os
mineradores a seguirem operando no Brasil, disseram os par-
ticipantes do painel, conforme salientou o IBRAM.
Como destacou a revista Exame na capa de edição recen-
te, “o sonho de um país moderno [contempla, entre outros]
portos, rodovias, aeroportos, ferrovias, saneamento e ha-
bitação”, ou seja, itens cuja concretização é absolutamente
imprescindível que se venha a contar com adequada oferta
de bens minerais, sem os quais nada acontecerá a respeito.
Assinala, também, a referida publicação, que as eleições
de presidente da república, senadores, deputados federais,
governadores e deputados estaduais, que terão que executar
a imensa e desafiadora tarefa de construção de um ambiente
favorável ao investimento no País, inclusive aqueles na mine-
ração brasileira, atividade essencial para a concretização do
Desenvolvimento Sustentável do Brasil 2019 a 2022, poderão
vir a contribuir para tornar o nosso País realmente percebido
e admirado como um dos que exibem ambientes favoráveis à
atração de investimentos necessários à criação de empregos.
Estamos certos que as conclusões do CBMINA certamen-
te serão muito úteis a todos nós nesta tarefa, eis que retra-
tam, com particular clareza, o momento atual vivido pela mi-
neração brasileira.
*Engenheiro de Minas e Metalurgista, EEUFMG, 1961. Ex-aluno honorário da Escola de Minas de Ouro Preto. Presidente da J.Mendo Consultoria Ltda.
Fundador e Presidente do CEAMIN - Centro de Estudos Avançados em Mineração. Vice-Presidente da ACMinas - Associação Comercial e Empresarial
de Minas e presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da entidade. Coordenador, como diretor do BDMG, em 1976, da fundação
do Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM. Como representante do IBRAM, um dos 3 fundadores da ADIMB - Agência para o Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira. Ex-Conselheiro do CETEM - Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Conselheiro do Conselho Diretor da Fundação Gorceix, de apoio à Escola de Minas de Ouro Preto. Medalha de Mérito dos 150 Anos do Canadá. Um
dos fundadores do Grêmio Mínero-Metalúrgico “Louis Ensch” da EEUFMG. Membro do “Grupo de Estratégia” da SGM/MME.
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Agosto / Setembro 2018