Edição 569 Julho/Agosto EDIÇÃO 569 | Page 74

R a n k i n g d a E n g e n h a r i a B r a s i l e i r a Trazer a infraestrutura de volta às prioridades do Governo Países industrializados e emergentes têm recorrido a novos investimentos em infraestrutura quando desejam reaquecer suas economias em períodos recessivos — o Brasil não poderia fazer diferente Um economista com o currículo de Luciano Coutinho escreveu na imprensa em tempos recentes: a saída para o País acelerar a expansão econômica - que resiste em se deslanchar - é investir em infraestrutura. Ele reconhece que as finanças públicas em grave crise fiscal não pos- suem condições para investir; resta ao governo nas três esferas admi- nistrativas agilizar as concessões e PPPs - e dá o caminho das pedras: contratar empresas projetistas privadas para formatar esses certames e editais, ao invés de depender das equipes dos ministérios sempre su- jeitos a pressões políticas, falta de expertise e velocidade na execução. Inspirando-se na experiência de sucesso do Canadá e Inglaterra, não há porque reinventar a roda. As cláusulas para salvaguardar o interesse público em concessões e PPPs já foram discu- tidas à exaustão; aliás, uma das exigências dos investidores privados é a segurança jurídica pro- piciada por agências reguladoras independentes, com autonomia e equipes técnicas experientes. Há capital global de sobra que busca melhores ganhos, mas sem abrir mão da segurança. Vinte e seis entidades ligadas à construção e engenharia, tendo à frente a Câmara Brasileira da Indústria da Cons- trução (CBIC), vão apresentar aos candidatos presidenciáveis um pro- grama de medidas capaz de gerar estímulo significativo e sustentável às atividades da indústria imobiliária e das obras de infraestrutura — sem pressionar as contas públicas. Em resumo, esse programa propõe: - Criação de um fundo de direito privado, similar ao Fundo de Arrenda- mento Residencial (FAR), para ancorar projeto de infraestrutura no âm- bito federal e municipal, inspirando-se no sucesso do FAR no programa Minha Casa Minha Vida; - Esse mecanismo estabelecerá parâmetros claros e seguros para a con- tratação de projetos do PPI e das concessões municipais, evoluindo a partir das regras fixadas pela Lei 8.666; - Capitalizar a Caixa Econômica Federal, incorporando-se o lucro apura- do ao seu capital, para que possa retomar os financiamentos à indústria imobiliária, saneamento e mobilidade urbana; - Concluir a regulamentação da Letra Imobiliária Garantida, para a qual fal- tam regras a serem definidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM); - Regulação dos distratos de imóveis em construção, pendente desde 2016; - Aperfeiçoamento da lei de licitações, em especial a contratação obrigató- ria de seguro em obras públicas; - Agilizar os prazos das licenças ambientais; - Regras claras para a paralisação de obras públicas, para que possam ter continuidade mesmo em caso de irregularidades, aplicando-se inde- nização e penalidades legais aos responsáveis. Iniciativa privada mantem fluxo de investimentos — de olho no mercado doméstico a médio prazo A newsletter digital Investimentos & Obras da revista OE acompanha há mais de três anos os novos projetos e iniciativas do setor privado, incluindo concessionárias, que envolvem inves- 72 | | J u l h o /A g o s to 2018 timentos em infraestrutura de energia, transportes, saneamento e da indústria do petróleo, inclusive instalações para atividades produtivas de bens duráveis e de consumo, logística, e edifica- ções comerciais e de serviços. São empreendimentos programados dentro de uma visão de mercado a médio prazo, considerando o potencial de demanda pela população de 200 milhões de habitantes — cujo padrão de vida na sua maioria tem muito a melhorar. É claro que as obras prometidas pelo governo também são registradas, desde que se- jam de curto prazo, excluindo-se empreendimentos sabidamente de longo prazo e que ainda buscam fontes de funding. Pela tabela publicada (ver página seguinte), são pelo menos R$ 83 bilhões a serem investidos em projetos desse ano em diante, sendo que a infraestrutura responde por R$ 40 bilhões – investi- mentos privados e públicos – e o setor industrial por R$ 28 bilhões. Debêntures de infraestrutura alcançam R$ 9,6 bi no 1º sem A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgou pesquisa em que apontou crescimento ver- tiginoso de debêntures de infraestrutura. As emissões bateram recorde desde sua criação, em 2011, somando R$ 9,6 bilhões no primeiro semes- tre deste ano. O valor atingido é quase quatro vezes maior do que o regis- trado entre janeiro e junho de 2017. Neste primeiro semestre, o total captado das debêntures incentiva- das foi de R$ 9,6 bilhões, contra R$ 2,1 bilhões do mesmo período de 2017, um aumento de 353%. DEBÊNTURES DE INFRAESTRUTURA - CAPTAÇÕES Empresa Setor Valor Celse (SE) Energia R$ 3,37 bi Rede D’Or Hospitalar R$ 1,62 bi Entrevias Rodovia R$ 1 bi Heinz Brasil Alimentos R$ 655 mi CTEEP (SP) Energia R$ 526 mi ViaQuatro Transportes R$ 500 mi Rio Paraná Energia R$ 480 mi (em duas captações) Coelce (CE) Energia R$ 270 mi Copasa (MG) Saneamento R$ 267 mi (em 2 captações) AES Tietê Energia R$ 200 mi Centrais Eólicas Assuruá Energia R$ 193 mi (em 2 captações) Ultrafértil Logística R$ 175 mi Fospar Química Química R$ 151 mi EDP Transmissão Energia R$ 115 mi Algar Telecomunicação R$ 76 mi