Edição 567 Março/Abril 2018 | Page 25

R e ção e pintura com esmalte sintético. Testes de estanqueidade atestaram a qualidade dos serviços executados. Na parede de argamassa precisou-se fazer um estudo para ver qual revestimento seria compatível, para identificar o traço e dosagem a ser aplicada. A opção pela pintura com pigmento mineral de base silicada, valorizando o prédio e ressaltando os ornamentos, foi a escolhida, permitindo a argamassa “respirar”. O canteiro de obras contava com oficinas para restauração de ornatos de argamassa da fachada e das esquadrias. Na reforma anteriormente feita na fachada da biblioteca, quando se empregou tinta plástica, a parede foi prejudicada com acúmulo de umidade. Assim, a construtora fez a remoção das partes da argamassa afetada, dos fungos e da vegetação, para restaurar as paredes externas da estrutura. De acordo com Alexandre, a obra foi dividida em 21 panos (setores) progressivos para não prejudicar o funcionamento da biblioteca. Conduzindo as obras dessa forma, as intervenções internas no funcionamento da biblioteca pública seriam mini- mizadas. O arquiteto conta que toda vez que se fazia o restauro de uma esquadria, o espaço na área interna dela (conectada à es- quadria), chamada na obra de capela, era cercado com tapumes ou divisórias – o tamanho do espaço interno variava, dependen- do da disponibilidade de área. Dessa forma, fazia-se a proteção ao acervo e às pessoas dentro da biblioteca. Do lado de fora, o trabalho progredia com uso de andaimes. A Biblioteca Nacional possui cinco andares e vários meza- ninos, sendo que o terceiro andar é composto por acervo raro e nos quarto e quinto andares outros acervos. Seção também importante são os laboratórios de microfilmagem, restauração, conservação e di gitalização. DINÂMICA Luiz Antonio Lopes de Souza, arquiteto da Fundação Biblio- teca Nacional, conta que as esquadrias nunca tinham sofrido restauração, incluindo nas ferragens e suas diferentes formas de acionamento das janelas. Os vidros também foram trocados e receberam películas de raio UV. Os vidros têm vários tipos de brasões, com o logotipo da Biblioteca Nacional. As esquadrias possuem tamanhos va- s t a u r a ç ã o riados e podem medir até 4 m de altura – cuja originalidade foi mantida. “A restauração mexeu com a dinâmica da biblioteca e aten- dimento do público. Tinhamos que proteger o acervo contra poeira e ainda manter o acesso a ele. E ainda havia a questão do barulho e o odor dos materiais com relação às pessoas que transitam na biblioteca”, conta. “A solução de se isolar as cape- las foi fundamental”. Ele conta que a comunicação com os funcionários foi per- manente e até visitas guiadas com os trabalhadores foram fei- tas, para conscientizar a importância de se trabalhar em silêncio na biblioteca, com o menor impacto possível. O arquiteto Bruno Sebollela, da gerenciadora da obra, a Uchino, ressalta também que o diálogo foi fundamental para execução dos trabalhos, já que o acervo é enorme. Na fachada principal, de frente à praça da Cinelândia, três portas de bronze de acesso principal ao saguão foram incluídas na restauração. A cúpula quadrada de cobre no topo do prédio, de 16 m x 16 m, foi restaurada, envolvendo remoção da oxida- ção, rejuntamento e restauro de seus elementos. No pico, no meio do ano passado, chegou-se a ter 150 pes- soas trabalhando na restauração. O custo total da obra chegou a R$ 10,4 milhões. Ficha técnica – Reforma da fachada da Biblioteca Nacional (RJ) Construtura: Concrejato Engenharia Gerenciadora: Uchino www.revistaoempreiteiro.com.br | 25