Edição 564 Novembro/Dezembro OE_564_final | Página 4

E d i t o r i a l

Novo ciclo de investimentos das concessionárias privadas precisa de regras estáveis

Essa mantra é velha , mas continua ignorada de tempo em tempo . Num governo em que tudo se negocia na casa de penhores em que se transformou o Congresso , eis que volta a ideia de se operar voos de longa distância a partir de Pampulha , em Belo Horizonte , agora que Confins ganhou novo terminal construído pela concessionária privada .
Difícil de se imaginar como atrair novos investidores aos empreendimentos de infraestrutura quando o próprio governo não se dá o respeito de manter as palavras empenhadas e sacramentadas em contrato . É o arraigado hábito do governante se achar dono da coisa pública , quando o public servant deveria estar lá para servir a população . Governante se acha dono até da informação , que muitas vezes é divulgada somente quando a imprensa apela para a lei .
Governo não pode se isentar da sua parte - em obras públicas
Vitimas da queda brutal de arrecadação por conta da crise econômica , os três níveis de governo hoje fazem muito pouco em termos de investimentos em infraestrutura . Eles voltam a recorrer nesta hora às concessões e PPPs , criando editais cada um a sua maneira . Lembramos mais uma vez o sucesso das províncias e do governo do Canadá nestas duas modalidades , tanto para grandes projetos como para empreendimentos locais , graças a uma padronização dos formatos de contratos e das exigências dos editais . Por que não mobilizar as projetistas e gerenciadoras de engenharia para atualizar esses estudos seguindo os padrões globais ?
É oportuno ainda lembrar que as três esferas públicas não podem se isentar de suas obrigações mínimas na manutenção da infraestrutura . Recapeamento das rodovias , tapa-buracos em vias urbanas , drenagem - para mencionar o óbvio . A escassez de recursos deveria levar o governo a cortar as despesas de custeio , para poder investir o mínimo . Infelizmente , as estatísticas mostram que mesmo com a recessão recém-finda , as despesas dos governos estaduais com pessoal continuam em alta . É a prática antiquada , porém presente , de ampliar o eleitorado nos quadros públicos — quando já se sabe que a eficiência não está mais no número de guichês para atender o público , mas na tecnologia digital da informação .
Oscar da Engenharia elege os melhores projetos em Cingapura — e faz lembrar o atraso dos contratantes públicos no País
A Bentley mantém a tradição do prêmio Be Inspired , que este ano foi realizado em Cingapura , no complexo hoteleiro Marina Bay Sands , que na verdade é um conjunto formado por seis edifícios curvilíneos , sustentando uma laje em balanço no topo onde se encontra o espaço de lazer , com a piscina de borda infinita mais fotografada do mundo - pendurada nas alturas ! Veja a matéria de cobertura exclusiva da revista O Empreiteiro de como Aegea e Enorsul representaram o Brasil no certame , na categoria Redes de Água .
O prêmio reuniu centenas de trabalhos do mundo inteiro , com participação de proprietários / contratantes e empresas de engenharia que utilizam os mais sofisticados softwares de projeto — 5D — e gestão . Para os jornalistas presentes , foi impossível ignorar que o Brasil ainda está na primeira infância desse processo no setor de obras públicas — com exceção do Exército e o governo de Santa Catarina . Contratantes de países desenvolvidos e de emergentes como China , Índia e Filipinas usam websites no internet para engajar a população e conquistar a sua adesão aos projetos , participando também no monitoramento dos trabalhos – exibidos por câmaras 24 h nos canteiros . Temos muito a aprender .
Marina Bay Sands e a estrutura curvilínea Terminal novo de Confins pode ter concorrente O problema trivial de ruas esburacadas nunca resolvido
4 | | Novembro / Dezembro 2017