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d i t o R i a l
En�en�aria no camin�o da reconstr���o
Presidente Juscelino Kubitshek, um visionário que usou a
engenharia como instrumento principal de seu projeto
A capa desta edição celebra as empresas de engenharia que
se sobressaíram nas fronteiras regionais do País no ano de 2016
— no auge da recessão histórica da qual a economia começou
a se descolar em meados deste ano. Elas foram os destaques
na solenidade de lançamento do Ranking da Engenharia Bra-
sileira 2017 da revista O Empreiteiro , realizada em São Paulo
em agosto passado.
Lembramos nesta oportunidade que foi a engenharia brasi-
leira que construiu a infraestrutura que sustenta hoje a econo-
mia e a qualidade de vida da população. Como registrou o jor-
nalista Nildo Carlos Oliveira no livro “100 Anos da Engenharia
Brasileira”, essa trajetória começa na estrada de ferro concebi-
da por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que ligava
a Baía da Guanabara a Petrópolis (RJ).
Passa pela primeira rodovia que foi a
União Indústria, saindo de Petrópolis para
Juiz de Fora (MG); em hidrelétricas, a usi-
na pioneira foi a Parnaíba (SP), construí-
da pela Light no rio Tietê com blocos de
granito.
Em saneamento, o engenheiro Fran-
cisco Saturnino de Brito chamou atenção
quando propôs a separação do esgoto sa-
nitário das águas pluviais em Santos (SP).
A siderúrgica de Volta Redonda (RJ) é
considerada por muitos como o marco da
maioridade da engenharia brasileira em
obras industriais, porque foi construída
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| S E T E M B R O / O U T U B R O 2017
Bruno Contarini trabalhou nas obras pioneiras de Brasília e, mais
tarde, liderou a equipe técnica que construiu a ponte Rio-Niterói
por empresas e engenheiros brasileiros, com o suporte de al-
guns consultores norte-americanos.
O professor e então prefeito Figueiredo Ferraz seria o men-
tor na implantação do metrô na capital paulista, quando a en-
genharia aprendeu a trabalhar no espaço confi nado do subsolo,
primeiro escavando túneis em valas a céu aberto — e depois
utilizando o chamado tatuzão.
Ela teve um papel crucial ao erguer Brasília no Planalto
Central, transformando em realidade o projeto geopolítico vi-
sionário de Juscelino Kubitschek — de levar o desenvolvimento
para o interior. Para tanto, as obras que se tornaram ícones
foram desenhadas nas pranchetas de Lúcio Costa e Oscar Nie-
meyer, além de outros.
Esta trajetória notável é um legado a
ser honrado. A engenharia brasileira co-
meçou a percorrer o caminho da recons-
trução, que será longa — de certa forma
seguindo em paralelo aos movimentos de
resgate das mais importantes instituições
do País. Como os setores expressivos da
sociedade se mobilizam para romper ve-
lhas tradições (carcomidas) e renovar os
quadros políticos, a engenharia também
precisa entrar em cena. Os engenheiros
que se tornaram notáveis em projetos e
obras relevantes, ao longo de décadas,
também têm contribuição a dar como ci-
dadãos e eleitores.