Edição 562 Julho/Agosto revistaOE562_V2b_11OUT | Page 74
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Em Três La�oas (MS) o PIB cresce cerca de 10% ao ano
Au�usto Diniz – Três La�oas (MS)
Sede da fábrica da Fibria, Três Lagoas (MS), município as margens
do rio Paraná, na divisa do Mato Grosso do Sul com São Paulo, tem
crescimento do PIB muito acima do alcançado pela maioria das cidades
brasileiras. Este índice entre 2010-2016 subiu 123% para alcançar os res-
pectivos R$ 8,7 bilhões atuais, uma média de avanço de 10,6% ao ano.
O volume expressivo é resultado principalmente dos atuais inves-
timentos em cadeias produtivas globais de celulose e soja no muni-
cípio, que o transformaram na segunda maior economia do Estado,
atrás apenas da capital Campo Grande.
Cristovão Henrique Ribeiro da Silva, doutor em geografi a econômica
e coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas da Secretaria Munici-
pal Desenvolvimento Econômico, explica que “o
município ganhou protagonismo em commodi-
ties – eles caíram em geral, com exceção do pa-
pel e celulose”. Ele explica que isso proporcionou
o crescimento local apesar da crise econômica.
O núcleo de pesquisa que Cristovão coor-
dena foi criado ano passado para estudar uma
forma de trazer novas empresas para a loca-
lidade, notadamente de serviços industriais e logísticos associados à
produção de celulose.
“Há ainda a questão da biomassa, que é aproveitamento da madeira,
embora a produção nas unidades industriais de celulose seja de circuito
fechado (autogeração). Seria um processo de melhoria de aproveitamento
do resíduo de sobra do embranquecimento”, diz. Segundo ele, já há uma
parceria com o Senai para desenvolver a fonte energética na região.
Três lagoas conta hoje com três distritos industriais. A atração de empre-
sas para a localidade se deu em função da prefeitura ceder terras públicas,
além de reduzir ISS e IPTU. No âmbito estadual, houve desoneração de ICMS.
“Isso trouxe várias empresas, inclusive da vizinha São Paulo”, con-
ta. Hoje, das 62 indústrias no município, 75% são de São Paulo que
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vieram em busca de isenção. “A posição geográfi ca favoreceu tam-
bém. Existe na região um sistema intercruzado logístico com rodovia,
ferrovia, hidrovia e aerovia”.
Três Lagoas é ponto de travessia rodoviária do rio Paraná, com
a ponte da BR-262 a jusante da barragem da UHE Jupiá. A malha
ferroviária que liga Corumbá (MS) ao porto de Santos (SP) passa
pelo centro da cidade. O município é ainda servido pela Hidrovia
Tietê-Paraná. O aeroporto municipal tem pista de 2.050 m e trata-
-se de uma estrutura aeroviária moderna.
O coordenador conta que o solo é ruim para a agricultura em
Três Lagoas. “Trata-se de um solo de areias quartzosas pouco fér-
teis”, conta. Historicamente, o município teve a economia baseada
na pecuária de corte, mas seu perfi l econômico começou a mudar
na década de 1970, quando houve um projeto de plantação de
maciços fl orestais pela International Paper – que somente muito
tempo depois inaugurou uma fábrica. “As primeiras plantações fl o-
restais acabaram servindo à indústria moveleira e carvão”, lembra.
A Fibria começou a ser instalada em 2006. Já a Eldorado, outra
grande fábrica de celulose instalada na região, iniciou obras em
2009 e terminou em 2011 - há um projeto de expansão dessa uni-
dade, mas encontra-se parado, de acordo com Cristovão.
“Com expansão da Fibria, Três Lagoas passará a ser um
dos maiores centros de produção de celulose do mundo”, afi rma.
Tamanho da produção de madeira para celulose (eucalipto) é de
1,150 milhões ha no município e representa 21% da produção
(o restante fi ca em municípios vizinho num raio de até 100 km).
Além da Fibria, Eldorado e International Paper, outras
grandes empresas instaladas em Três Lagoas são a Cargill,
Metalfrio, Pepsico, entre outras.
Mas o crescimento das indústrias na localidade não
acompanhou a urbanização na cidade. O movimento do mer-
cado imobiliário com poder aquisitivo maior até que expan-
diu, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento, mas
é visível alguns problemas, como falta de esgotamento sa-
nitário e drenagem e ruas não asfaltadas mesmo na região
central. Cristovão Henrique reconhece esse descompasso e
avalia que o poder público precisa estar mais atento a essas
demandas.