Edição 562 Julho/Agosto revistaOE562_V2b_11OUT | Page 5

edItorIal Mercado de en�en�aria inicia um novo ciclo Com a economia mostrando claros sinais de se descolar da política e indicadores econômicos apontando o princípio de pela adoção de código de compliance, para detectar e prevenir práticas ilícitas. uma retomada nas atividades - que ainda precisa de iniciativas Outro ponto visto como crucial por esses experientes diri- para se sustentar -, as obras de infraestrutura dependem da gentes e empresários: as obras precisam ser licitadas sempre volta do fl uxo de recursos nas três esferas de administração pú- com projeto de engenharia, sem o qual os preços orçados e os blica, hoje gravemente prejudicado pela queda da arrecadação. prazos estipulados apresentados na licitação difi cilmente se- O governo não pode se furtar do seu papel de principal con- rão cumpridos. Editais sem projeto, com orçamento precário ou tratante de obras públicas, em especial as de médio e pequeno prazo inexequível devem ser deserdados pelo mercado na licita- porte, porque esse tipo de investimento é o motor da economia ção – dar quórum “deserto” é a melhor resposta das empresas. em tempo de recessão, como se viu de forma recorrente tanto São esses empreendimentos cheio de vícios que abrem espaços em países industrializados como emergentes. para as práticas ilícitas que a Justiça busca erradicar. É ótimo atrair novos players globais para grandes projetos A isso, acrescentaríamos o uso extensivo da Tecnologia de In- de infraestrutura via concessões ou parceria público-privada formação e a adoção de projetos eletrônicos no formato BIM, per- (PPP) — como Fraport, Vinci e Zurich nos quatro aeroportos re- mitindo detectar anomalias no decorrer da execução e calcular os cém-concessionados -, mas são os programas regulares licitan- impactos no custo e no prazo —em tempo real. Câmaras integradas do obras públicas medianas, nas três esferas administrativas, por software registrariam os avanços (e atrasos) no canteiro de que movimentarão de forma signifi cativa o mercado de cons- obras; onde esse sistema fi xo não fosse possível, sobrevoos progra- trução nas cidades e nos Estados, mobilizando toda a cadeia de mados de drones exerceriam esse controle por imagem — dispen- produção instalada no País. sando o deslocamento dos técnicos dos contratantes até o local. A União, os Estados e as principais cidades brasileiras pre- A blindagem do mercado brasileiro de engenharia, que di- cisam que a arrecadação de tributos se recupere — para então fi cultava sobremaneira o ingresso de empresas do exterior, já pensar numa nova arrancada em obras públicas. É verdade que rachou há anos. Um número crescente de fi rmas globais tem se o custo da máquina administrativa (folha de pagamento) subiu instalado no País — outros tantos se retiraram. Mas o saldo é 96,6% entre 2009 e 2015, segundo estudo do Ministério da Fa- positivo e a expertise delas em funding no mercado global pode zenda e os recursos para investimentos fi caram relativamente ser valiosa para os novos projetos de infraestrutura no pipeline. estagnados. Essa prática arraigada de inchar os quadros me- A experiência local das suas parceiras brasileiras torna essas diante novas contratações a cada gestão que se inicia, precisa alianças altamente competitivas. acabar — mas somente uma nova geração de gestores públicos O Ranking da Engenharia Brasileira 2017 publicado nesta vai ousar esta façanha. O investimento em tecnologia, e não edição da revista O Empreiteiro atesta a dinâmica das empre- somente em pessoal, é a ferramenta preferida dos gestores hoje sas de engenharia do País e sua resiliência aos choques, o papel na iniciativa privada. crescente das concessionárias privadas de infraestrutura atra- Na seção “Cenários”, que abre esta edição trazendo o vés dos seus ambiciosos programas de investimentos e a visão Ranking da Engenharia Brasileira 2017 , importantes lideranças de longo prazo dos empreendedores privados dos setores indus- empresariais dos vários segmentos da engenharia posicionaram- triais, comércio e serviços — que miram o mercado doméstico -se a favor do processo de depuração em curso no mercado, em de 200 milhões de consumidores nas próximas décadas, além benefício de uma maior abertura e livre concorrência, e coloca- das exportações - e sustentam os seus projetos a despeito do ram-se contra exigências descabidas e “dirigidas” em licitações quadro econômico. São esses atores que juntos fazem a econo- para favorecer poucos participantes. Manifestaram ainda apoio mia brasileira se descolar da conturbada política — e alçar voo. www.revistaoempreiteiro.com.br | 3