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do
P a
n a m á
Navios de até 366 m já passam pelo estrutura ampliada
Depois de dez anos de obras e US$ 5,4 bilhões de investimen-
tos, a expansão do Canal do Panamá teve a primeira passagem de
um navio em junho de 2016. Porém, o consórcio construtor Grupo
Unidos por el Canal (GUPC) ainda mantém mão de obra mobiliza-
da para conclusão de estradas de acesso, fazer comissionamen-
tos de obras prontas e realizar outros serviços complementares.
O consórcio inclui a espanhola Sacyr Vallehermoso, a italiana
Salini Impregilo, a belga Jan De Nul, a holandesa Heerema Fabri-
cation e a panamenha Constructora Urbana.
Trata-se da maior obra recente de infraestrutura do mundo –
a expansão dobrou a capacidade de passagem de navios pelo ca-
nal, permitindo o tráfego de navios muito maiores — de até 366
m. No Brasil, a influência positiva será sentida principalmente
nos portos do Norte e Nordeste.
Chegada das comportas exigiu apurada logística para levar ao local de instalação
A chegada das comportas, num total de 16, com altura equi-
valente a um prédio de dez andares e peso de 3.100 t cada, desti-
nadas às eclusas novas da expansão do Canal do Panamá, foi uma
das etapas mais complexas da obra, já que exigiu logística apu-
rada para transbordo, deslocamento e instalação e representava
a essência do projeto que ampliou a transposição de um oceano
(Atlântico) ao outro (Pacífico) – tanto que a obra toda é comumen-
te chamada de terceiro conjunto de eclusas do Canal do Panamá.
São as comportas que fazem o controle de passagem de na-
vios, que deslizam para sair das câmaras embutidas nas novas
eclusas, ao contrário das comportas existentes no antigo Canal
do Panamá, que basculam para fora.
As comportas, medindo 57,6 m de comprimento, 10 m de lar-
gura e 30,19 m de altura, foram fabricadas em Trieste, na Itália.
A delicada operação de transbordo do navio à doca provisória
foi efetuada sobre transportadoras robóticas — plataformas com
rodas motorizadas controladas por computador, que são coorde-
nadas por sistemas mecânico, hidráulico e eletrônico. As plata-
formas possuem um sistema computadorizado que compensa as
A nova passagem, no primeiro plano - as duas outras encontram-se mais ao fundo
irregularidades do terreno no percurso de transporte.
A instalação das comportas representou importante etapa
eletromecânica do projeto, já que envolvia a implantação de sis-
temas hidráulicos de grandes dimensões.
Pelo projeto de ampliação do canal, duas novas eclusas foram
construídas, além de uma terceira via de tráfego de navios já em
uso - aberta no lago artificial criado para atender a passagem de
navios no Canal do Panamá original, há mais de 100 anos.
As novas eclusas com três câmaras, podem atender navios
com 366 m de comprimento, 49 m de largura e calado de 15,2
m – os Post Panamax, considerados os maiores do mundo. Cada
conjunto de comportas é acompanhado por bacias de reutiliza-
ção de água, medindo 430 m de comprimento, 70 m de largura
e 5,5 m de profundidade. Tal arranjo permite coletar gravitacio-
nalmente a água utilizada no tráfego de navios pelas comportas
e reaproveita-la nesta operação.
A vala de Culebra, que corta a chamada Divisa Continental,
revelou-se uma das etapas mais difíceis da obra — a rocha basál-
tica dura precisou ser desmontada com explosivos. O que tornou
o desmonte complicado – é que foi preciso trabalhar sem afetar
a passagem de navios pelo antigo canal.
Para a execução das obras da ampliação, foram necessários
mais de 120 projetos somente de estudos para a elaboração do
plano de trabalho. Ao final das obras, o projeto já contabilizava
16 mil desenhos as-built no inventário.
18 | O E m p r e i t e i r o | D e z e m b r o 2016 / J a n e i r o 2017
Bacias recebem as águas movidas nas eclusas durante passagem de navio