Ed. 321 - completa Novembro / Dezembro - 2020 | Page 65

VAREJO PERDEU 135 MIL ESTABELECIMENTOS NO 2 O TRIMESTRE , MAS NO E-COMMERCE HOUVE AVANÇO DE

43 % no volume de vendas

Saldo negativo equivale a

10 % do número de estabelecimentos comerciais com vínculos empregatícios verificado antes da pandemia . Apesar da reação já iniciada pelo setor , tendência de migração gradual para o e-commerce deverá levar o varejo a fechar 2020 com 88 mil lojas a menos , projeta a Confederação Nacional do Comércio de Bens , Serviços e Turismo ( CNC ). A crise de proporções inéditas enfrentada pelo varejo nos últimos meses levou o setor a registrar um saldo negativo de 135,2 mil lojas com vínculos empregatícios entre abril e junho deste ano . O estrago provocado pela pandemia de Covid-19 foi de tal ordem , que o saldo negativo naquele período superou a perda anual de estabelecimentos comerciais de 2016 ( -105,3 mil ). A crise no setor coincidiu com a edição de diversos decretos estaduais e municipais que restringiram total ou parcialmente a circulação de consumidores em estabelecimentos comerciais , por meio da implementação do isolamento social , e reduziram significativamente as vendas presenciais - historicamente , a principal modalidade de consumo por parte da população . Embora nenhum ramo do varejo tenha registrado expansão no número de pontos de vendas entre abril e junho , naturalmente os segmentos mais atingidos pela crise desencadeada pela pandemia se caracterizam pela predominância na comercialização de itens considerados não essenciais . Enquadram-se nessa situação os seguintes ramos : Lojas de utilidades domésticas ( -35,3 mil estabelecimentos ou -12,9 % do total de lojas antes da pandemia ); vestuário , tecidos , calçados e acessórios ( -34,5 mil lojas ou -17,0 %); e comércio automotivo ( -20,5 mil ou -9,9 %). O varejo de produtos de informática e comunicação foi o segmento a registrar as menores perdas absolutas ( -1,2 mil ) e relativas ( -3,6 %) no número de estabelecimentos em operação .
Embora recentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) tenham revelado que apenas uma em cada quatro empresas comerciais tenha reduzido o quadro de funcionários no mês de junho , o fechamento de estabelecimentos com vínculos empregatícios no segundo trimestre reverberou no nível de ocupação apresentado pelo setor . Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( Caged ), no segundo trimestre de 2020 , foram eliminados quase 500 mil empregos formais .
Regionalmente , todas as unidades da Federação registraram contração no número de pontos de venda , sendo a maior incidência observada nos Estados de São Paulo ( -40,4 mil ), Minas Gerais ( -16,1 mil ), Rio de Janeiro ( -11,4 mil ), Rio Grande do Sul ( -9,7 mil ) e Paraná ( 9,5 mil ). Contudo , em termos relativos , as maiores quedas na quantidade de estabelecimentos foram observadas em Estados das regiões Norte e Nordeste , são eles : Rio Grande do Norte ( -14,3 %); Alagoas ( -13,2 %); Roraima ( -12,0 %); e Rondônia ( -11,8 %).
Apesar do grave quadro conjuntural envolvendo o setor no segundo trimestre , o ritmo de recuperação das vendas tem surpreendido positivamente . Cumprem papéis relevantes nesse contexto o menor índice de isolamento social das últimas semanas , a expansão do varejo eletrônico – no segundo trimestre , o e-commerce apresentou avanços de 43 % no volume de vendas e de 117 % no número de transações ante o mesmo período do ano passado – e os programas de suporte às empresas e , principalmente , à população mais vulnerável por meio da adoção do auxílio emergencial .
A mudança de hábitos do consumidor ao longo da pandemia tende a promover expansões menos intensas no número de lojas físicas . Para 2020 , a CNC projeta recuo de 6,9 % no volume de vendas do varejo . Levando-se em conta esse cenário e a defasagem existente entre o crescimento das vendas e a natural contrapartida na abertura de novos pontos de venda no varejo nacional , a expectativa da entidade é de que o varejo brasileiro chegue ao final deste ano com 1,252 milhão de estabelecimentos com vínculos empregatícios – menos 88,7 mil , na comparação com final de 2019 .
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