Ed. 321 - completa Novembro / Dezembro - 2020 | Page 50

Cenário da Moda hoje

Alessandra Martins , co-fundadora do Instituto Rio Moda , do Rio de Janeiro

Alessandra trabalha com as marcas para construírem uma imagem forte e consistente , desenvolverem coleções que as valorizem e uma comunicação que conecta o cliente com a marca pela consistência dos seus propósitos . “ O branding , o desenvolvimento de coleção e a comunicação caminham juntos , e neste momento especial de pandemia , há uma verdadeira profusão de novas marcas migrando para as plataformas digitais e para o e-commerce . Uma das diferenças de hoje , com relação há tempos atrás quando surgiu o e-commerce , é que atualmente as empresas estão muito mais colaborativas , mesmo com os seus concorrentes , compartilhando , inclusive , fornecedores . Os vendedores se atualizaram com relação às ferramentas digitais e também multiplicaram seus contatos , passando a fornecer não mais de forma exclusiva , mas prestando serviços especializados para várias empresas , beneficiando também os pequenos negócios .

Na verdade , estamos todos num gigantesco processo de aprendizagem sobre como vender pelas mídias digitais , dentre as quais o Whatsapp .
As novas marcas que estão surgindo já vêm com uma preocupação prévia de saber se os seus propósitos condizem com os valores dos consumidores e da sociedade para discutir se vai existir ou não .
Estamos vivendo um momento de reflexão . Os novos empreendedores estão realmente entendendo que a moda traz uma grande responsabilidade a partir do momento que começa a desenvolver toda a cadeia de fornecedores , entender para quem está sendo construída , e o quanto ela é necessária no mundo de hoje .
Neste contexto , vemos as marcas posicionando a sua comunicação com respeito à diversidade , refletindo sobre corpos diferentes , incentivando o consumo consciente e sendo muito mais sustentáveis dentro de um contexto de economia circular . É preciso nos aprofundarmos tanto sobre qual o nosso valor competitivo quanto os impactos que as nossas marcas causarão no mundo .
Hoje , para se criar as cartelas e os novos produtos , é mais importante lançar o pensamento sobre as tendências de comportamento de consumo do que as da moda em si . Lembrando que o digital é só mais um canal e se a marca não sabe quem ela realmente é , vai ficar perdida .
Antes se produzia um catálogo a cada coleção , hoje se produz conteúdo diariamente , mostrando não apenas o produto , mas como ele foi criado e produzido , quem é o fornecedor , quem são os profissionais que trabalharam no processo , quais os cuidados ambientais e sociais por trás do produto e da marca . Não basta fazer uma foto e publicar nos canais digitais .
Mas não bastam todos estes cuidados e ações , é preciso realmente entender quem é este cliente para o qual se está realizando tudo isso , e este conhecimento vem a partir dos dados coletados dos clientes .”
Aldo Clecius , fundador da Agência FHouse , de Minas Gerais

Contou o caso da FHouse , que conecta pequenos negócios e profissionais da moda . Em 2017 começou um movimento da moda contemporânea mineira já entendendo que a moda do século 21 é sobre diversidade , inclusão e sustentabilidade e a ideia deste hub de marcas é promover treimanentos , feiras , desfiles , palestras , encontros , reunindo principalmente profissionais e marcas das gerações Z e Y , que são muito novos no mercado e entendem esta necessidade , pois são nanomarcas que se comunicam diretamente com o consumidor . No período da pandemia ficaram desesperados : são mais de 40 marcas e 60 profissionais . Se reuniram para primeiro entender o que é este momento e depois como reagir a esta nova realidade . Foi criado o Acelera , um evento de moda para a exibição e venda de produtos , baseado na sustentabilidade aliada à tecnologia . A Covid marca o início de uma nova moda . A moda do século 21 será sobre inclusão , colaboração , causa , propósito e voz ao consumidor nas causas que ele realmente acredita . Um cenário que tem muito a ver também com os pequenos atelieres nativos digitais , que se conectam diretamente com os consumidores pelo Instagram para a divulgação e venda direta dos seus produtos . Também ações colaborativas entre as marcas , interagindo com profissionais e empresas de outros segmentos , como consultores ambientais e artistas , criando propostas e ações para engajar ainda mais o público .

O futuro é cada vez mais as pessoas se conectando com pequenas marcas que tenham muito propósito e verdade .
50 • novembro | dezembro