Ed. 321 - completa Novembro / Dezembro - 2020 | Page 20

Movimento 4.0 : O desafio na prática

último dia da Semana do Calçado ( 8 de outubro ) iniciou com

O o painel Movimento 4.0 : O desafio na prática . O painelista Marcos Dillemburg , diretor de Tecnologia e operações da Novus Produtos Eletrônicos , destacou avanços do setor calçadista no Brasil em direção à Indústria 4.0 e comentou sobre o que ainda poderá ser feito para tornar as fábricas mais tecnológicas e eficientes .

“ A indústria 4.0 , que envolve inteligência artificial , internet das coisas , redes de comunicação e outros conceitos , é uma necessidade cada vez maior para a competitividade das empresas calçadistas . Por isso ela precisa ser vista pelo setor de máquinas como uma oportunidade e não uma ameaça , pois se pode implantar nas máquinas que desenvolvemos as soluções mais desejadas pelo mercado .”
Ressaltando que o jeito de se fazer uma determinada operação pode até continuar o mesmo , mas a forma das máquinas se relacionarem com o processo é o que muda consideravelmente , ele citou um mapeamento em indústrias para ver quais usavam as tecnologias relacionadas à indústria 4.0 . O resultado desse estudo mostrou que apenas 29 % das indústrias calçadistas brasileiras têm alguma destas soluções implantadas em suas plantas industriais , reforçando a ideia de que há uma grande oportunidade para o fornecedor oferecer um diferencial para os seus clientes .
“ A indústria calçadista está atrasada , permanece ainda na Indústria 2.0 enquanto outros setores estão bem mais avançados . Tem que dar um salto tecnológico e implantar sistemas que garantam maior produtividade através da robótica , com monitoramento de desempenho tanto das máquinas quanto dos trabalhadores , melhor aproveitamento dos materiais , inspeção da qualidade mais eficiente , rastreabilidade do produto e muito mais . Sem estes investimentos o segmento deixa de ser competitivo no mercado internacional . Mas se por um lado os calçadistas estão atrasados num comparativo com outros nichos de mercado , isso também pode ser visto de uma forma mais positiva , pois muitas das soluções desejadas já existem no mercado a partir do avanço destes setores e podem ser aproveitadas .”
Outro aspecto positivo é que se pode iniciar pelo básico , que é o enxugamento dos processos produtivos , como a digitalização , por exemplo , e ir avançando em paralelo enquanto outros investimentos são realizados . Além disso , lembrou o palestrante , existe no mercado uma série de oportunidades , como tecnologias de baixo custo disponibilizadas , aumento da oferta de crédito para a inovação , o real está desvalorizado , a inflação segue sob controle , assim como os juros baixos , e até mesmo a guerra comercial travada pelos Estados Unidos e a China ajudam o Brasil a ser visto como uma opção para negócios e investimentos . Somado a tudo isso , citou um programa do Governo Federal para capacitar jovens para a indústria 4.0 .
“ É preciso implantar novas tecnologias aos poucos , buscando eliminar etapas na produção , reduzir variabilidades , diminuir a quantidade de paradas e o tempo de setup , mas também focar em outras áreas que não nos processos , como a logística , por exemplo ”.
Para finalizar , apresentou o caso de sucesso da Novus , uma empresa de médio porte que produz 200 mil produtos por ano e iniciou em 2016 um estudo para implantar a indústria 4.0 . De lá para cá foi feita experimentação , trocas , e implantação de sistemas , até que , em junho deste ano , decidiu implantar o monitoramento de OEE em uma das células de montagem , partindo do zero .
Menos de um mês depois implantou hardware e iniciou o monitoramento em duas células de montagem implantando um sistema de dois sensores - um para contar quantas peças passavam pela esteira e outro quantas peças são rejeitadas , além de monitorar paradas identificando os motivos , tudo isso online e em tempo real . Agora iniciou a integração com o ERP .
“ Devemos lembrar que a tecnologia não é o fim , mas o meio para atingir os objetivos . Além disso , se trata de uma decisão de quem dirige a empresa , mas tem que ser estendida para quem realmente trabalha na produção . Sem este engajamento os gargalos não serão resolvidos e a transformação não vai acontecer . O segredo é ter a mente aberta , buscando sempre a colaboratividade .”
20 • novembro | dezembro