FECOMÉRCIO-RS AVALIA IMPACTO DA
crise do
coronavírus
É
indiscutível que a crise provocada
pelas medidas que evitam
espalhamento do coronavírus
são profundas e atingem a todos
os setores da economia, em maior ou
menor grau. Há poucos dados públicos
disponíveis atualmente para mensurar
tais efeitos diante do fato desses
efeitos serem extremamente recentes.
Entretanto, os dados das Notas Fiscais
de Consumidor Eletrônicas (NFC-e),
divulgados pela SEFAZ-RS, permitem
a avaliação da atividade econômica
do comércio varejista. Os dados,
divulgados diariamente, mostraram
queda de 33,9% nos valores autorizados
na primeira semana de validade
do decreto estadual que estabeleceu
medidas de distanciamento social no
RS no comparativo com a semana imediatamente
anterior. Na semana de 13
de março a 19 de março (antes da validade
do decreto) foram autorizados
R$ 2,63 bi pelo sistema de NFC-e. Na
primeira semana das medidas de distanciamento
social (20 de março a 26
de março), esse valor caiu para R$ 1,74
bi. Os dados divulgados pela Fazenda
estadual não permitem a avaliação
por segmento, mas como na primeira
semana multiplicaram-se os decretos
municipais fechando ou restringindo
severamente a atividade de estabelecimentos
do comércio que não atuassem
na venda de gêneros alimentícios
e medicamentos, é muito provável que
a atividade em alguns segmentos tenha
colapsado.
No Rio Grande do Sul, o comércio
varejista é a atividade privada que
mais emprega. No comércio varejista
há cerca de 445 mil vínculos formais
segundo dados da RAIS 2018. Apenas
vinculado aos Simples Nacional, são
aproximadamente 175 mil. Cerca de
123 mil empregos de empresas do
Simples e mais de 130 mil em empresas
do Regime Geral estão ligados a
atividades que não estão associadas
ao comércio de gêneros alimentícios,
medicamentos e médico-ortopédicos.
“As empresas em geral, especialmente
as menores, são extremamente frágeis
do ponto de vista econômico-financeiro.
É fundamental, neste momento,
que as condições de acesso ao crédito
sejam facilitadas. É inadmissível que
exigências de garantias sejam aumentadas.
Do lado do governo, precisamos
de sinalizações claras para que decisões
acertadas sejam tomadas, além
da implementação urgente de medidas
efetivas de socorro às empresas
para preservar a saúde financeira das
mesmas e, assim, os empregos. Não há
trade-off entre saúde e economia, mas
é preciso preservar a saúde da economia
também. Precisamos nos lembrar
que haverá um amanhã. E é preciso
garanti-lo hoje!”, conclui o presidente
da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
Expectativas anteriores
eram otimistas
Pesquisa feita às vésperas da deflagração
da crise anunciava a expectativa
de um ano bom. Contando com
385 empresas de todo o Rio Grande
do Sul entre os dias 27/02 e 16/03, a
Sondagem de Segmentos “Atacado”,
realizada semestralmente pela Fecomércio-RS,
divulgada no dia 30 de
março, pode ser entendida como um
retrato das expectativas no momento
que antecedeu a instalação da crise
provocada pelo combate ao coronavírus.
A estratégia de distanciamento
social imposta pelos governos teve
como principal elemento a redução da
aglomeração de pessoas, o que levou
muitos estados a uma redução abrupta
e intensa da atividade produtiva.
Na pesquisa, 54% dos entrevistados
haviam apontado como bom,
muito bom ou excelente o desempenho
das suas vendas e, no período,
81,1% havia mantido ou aumentado o
número de funcionários. Dentre as expectativas,
68,3% esperavam aumento
de suas vendas e 74,0% tinham expectativa
de melhora para o seu negócio,
com 29,9% tendo a intenção de aumentar
contratações. “Esta sondagem
reflete o que empreendedores esperavam
para o ano às vésperas da crise.
Um ano que prometia ser bom está
ensaiando para ser um dos piores da
nossa história. O cenário vem se tornando
mais complexo a cada dia. No
momento o foco deixou de ser crescer,
é simplesmente reduzir danos”, afirmou
o presidente.
A pesquisa também aponta que
7,8% já consideravam seu nível de endividamento
muito alto antes da crise
e 16,6% afirmaram ter um controle
muito superficial ou simplesmente não
faziam análises sobre suas finanças,
sendo que 20% disseram que as contas
pessoais e da empresa se misturavam.
“Em um momento de diminuição
abrupta da demanda e de falhas nas
cadeias produtivas que emperram a
capacidade de oferta, ter uma situação
econômico-financeira frágil é um
enorme risco para as empresas e para
os empregos que elas geram”, ressaltou
Luiz.
98 • maio | junho