Ed. 318 - completa Maio / Junho - 2020 | Page 72

muito específicas. Isto não significa que as duas não vão coexistir, mas sim que o volume de vendas online será exponencialmente maior, a partir de agora. Reuniões de empresas que exijam grandes deslocamentos e movimentações de pessoas, hoje acontecem com mais ordenamento e maior profundidade, com custo muito menor. Este é mais um aprendizado. De acordo com ela, a pandemia pode consolidar novos marcos, como por exemplo, contratos preverem relações mais virtuais, novos paradigmas para os vínculos trabalhistas, e até sob o aspecto da promoção da inovação tecnológica. Susana falou sobre estudos que já vinham sendo feitos por cientistas econômicos, que apontavam uma mudança em termos de liderança geoeconômica, a partir do domínio de tecnologias, entre elas a nanotecnologia, inteligência artificial, internet das coisas, tecnologias que vão estar impactando de forma matricial a economia e o novo arranjo de produção. A gestora do Tecnosinos enfatizou o trabalho que o IBTeC já vem fazendo na área de substâncias restritas e nanotecnologia aplicada a componentes e matérias-primas, afirmando que são aplicações que terão muita relevância no futuro. Lembrou o uso de tecnologias das coisas para calçados, com dispositivos que diagnostiquem questões de saúde, por exemplo. Ela salientou que este momento de discussão de lideranças geoeconômicas poderá deslocar a liderança de alguns setores para as Américas, “o que pode trazer uma janela de oportunidade para o setor coureiro-calçadista, na produção de novos materiais e novos insumos tecnológicos”. Portanto, sentencia, “é hora de as empresas trabalharem suas estratégias, para aproveitar as oportunidades que o pós-pandemia nos trará”. Também ressaltou que o IBTeC tem um papel importante neste momento, porque tem a missão de trabalhar o desenvolvimento do setor como uma busca continuada de posicionamento estratégico. O setor passou várias fases no seu desenvolvimento, desde a época em que era competitivo por ter mão de obra farta, e insumos, e por isto se deslocou mundo afora, mas no caso do Brasil buscando um geoposicionamento a partir de processos de inovação tecnológica. O presidente do conselho da Calçados Bibi, Marlin Kohlrausch, abriu sua fala afirmando “considero que o que está acontecendo hoje foi uma Terceira Guerra Mundial, onde não houve um tiro, nem uma bomba. No seu entendimento, a situação atual foi iniciada com o pânico, depois veio a hora da verdade, em que as pessoas viram suas perdas. Na sequência, o momento de manifestação da solidariedade, onde pessoas e empresas estão empenhadas em se ajudar, mutuamente. Agora, na opinião de Marlin, estamos chegando na fase da negociação. Segundo Marlin, mais do que nunca a cultura empresarial e o propósito serão levados em consideração, principalmente pelos consumidores, que estarão mais conscientes e buscando fornecedores que tenham compromisso com a sociedade e com seu grupo de trabalho Ele apelou aos empresários do setor para que não demitam. Disse compreender que o momento é difícil, e que muitas empresas terão que diminuir tamanho e equipes, mas pede que esta seja uma atitude tomada somente quando realmente for necessário. Disse acreditar que as pessoas vão olhar para estes aspectos na hora de escolher as marcas com as quais estarão afinadas quando o consumo voltar ao normal. “Temos que aumentar os níveis de confiança, com os colaboradores, com os fornecedores, com os consumidores.” Na sua opinião, “o mundo vai precisar de lideranças humanas”. As formas de relacionamento com tudo vão mudar, com as pessoas buscando soluções digitais para tudo. Também entende que as pessoas consumirão de uma forma mais consciente, com foco no propósito das marcas e das empresas. Marlin Kohlrausch acredita que o Brasil vai dar uma virada muito rápida na recuperação, e que os setores de calçados e confecções serão beneficiados na volta do consumo. No seu entendimento, as autoridades precisam abrir o comércio para reativar a economia. Disse acreditar muito no movimento de valorização da produção local e nacional, seguindo um movimento que já vem sendo visto em outros lugares do mundo. Ele acredita que “o novo normal” deverá vir em agosto. Especificamente, na área de exportações, Marlin entende que a guerra comercial entre China e Estados Unidos deverá concretizar uma oportunidade que os fabricantes brasileiros de calçados precisam se preparar para aproveitar. Para encerrar o debate, o presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, falou da importância do encontro, com o objetivo de avaliar a situação atual, vislumbrando o futuro. Ressaltou as tendências que já fazem parte das nossas vidas, como a digitalização de todas as relações empresariais, o trabalho remoto, ensino a distância, reuniões virtuais, cuidados com a saúde e com o bem-estar. Temas como sustentabilidade e responsabilidade social estarão cada vez mais valorizados por consumidores de todo o planeta. Agilidade e velocidade nas respostas fazem parte dos pré-requisitos para a sobrevivência de qualquer empresa, preconiza Paulo. No seu entendimento, as empresas precisam estar atentas para que possam responder de forma ágil ao surgimento de novas oportunidades. E contou que o IBTeC está fazendo agora um grande investimento para atender os fabricantes de EPIs - setor que ganhou importância com a pandemia, e que precisa do apoio do instituto. Também falou sobre a oportunidade que a indústria calçadista deverá ter agora para recuperar seu protagonismo no mercado internacional. O próximo Happy Hour com Tecnologia, em formato de live já tem data marcada. Será no dia 27 de maio com o tema A sustentabilidade como fator decisivo para a exportação de calçados: atualizando o tema substâncias restritas. A transmissão será pelo Facebook e Youtube. 72 • maio | junho