Ed. 318 - completa Maio / Junho - 2020 | Page 42

COLUNA ANIMASEG A evolução tecnológica do calçado de segurança, um pouco do histórico e a necessidade da evolução do conceito (parte 2) Esta coluna iniciou na edição anterior da Tecnicouro (317 - Março/Abril), quando se destacou que, em termos gerais, o calçado de segurança tem evoluído muito no País, entretanto, a evolução do conceito e da importância do calçado ainda é modesta diante de outros equipamentos cujos players tem bases de desenvolvimento europeia ou americana. Também se mostrou que um bom exemplo é o conceito da botina de elástico, que é o tipo de calçado mais vendido no Brasil mas, apesar disso, é desconsiderado como equipamento de segurança em vários países desenvolvidos. Nesta segunda parte da coluna, vamos a mais um exemplo e um pouco da história da evolução do calçado no País. Em 2009, a Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da ABNT NBR ISO 20.344 (e suas correlatas 20.346; 20.347 e 20.345), disponibilizou os testes de resistência ao deslizamento que determinam a resistência ao deslizamento para múltiplos pisos - resistência ao deslizamento em pisos de cerâmica com solução de detergente (SRA); resistência ao deslizamento em pisos de metal com solução de óleo (SRB) e a terceira com ambas as aprovações, ou seja, um solado classificado como multifuncional (SRC). Então os fabricantes disponibilizaram os melhores solados, com os melhores poliuretanos e assim evoluíram tecnicamente o desempenho de seus calçados para atender estes campos de risco que não eram aferidos pela normativa anteriormente. Notem que a evolução de produto existiu e está disponível, mas não é raro, hoje, entrar em um ambiente com piso metálico e verificar os colaboradores utilizando um solado testado para campo de risco SRA, ou seja, aprovação para pisos de cerâmica que diverge completamente deste ambiente de trabalho. Insisto então que o que falta é a evolução do mercado para a importância da avaliação do campo de risco x calçado que está sendo aplicado, tanto do lado do consumidores deste produto quanto do lado dos técnicos de produtos dos fabricantes e do conhecimento geral da população sobre calçados. Em 2014, tivemos a adesão à norma ISO 17.249 para motosserristas, uma atividade florestal altamente abrasiva para a qual hoje temos condições técnicas, normativas e de laboratório para oferecer um calçado com resistência ao corte por motosserra. Tivemos em 2017 o lançamento da nova normativa para calçados em couro com isolamento elétrico a norma ABNT NBR 16.603:17, esta normativa mais robusta que a anterior (NBR 12.576) e com base e parâmetros ASTM e também compostos com parâmetros das EN colocou o Brasil com um dos calçados de nível técnico mais alto em termos de um calçado isolante elétrico nível II. Esta nova norma que ainda está em transição efetiva devido ao prazo de cinco anos para extinção de laudos e certificados antigos foi potencializada com os rigorosos testes com umidade relativa do ar elevada. Então, apesar de ter sido lançada em 2017, esta normativa será assunto contemporâneo até o final de sua coexistência com a normativa antiga, ou seja, 2022. Dentro deste contexto, antes os eletricistas que têm o risco potencializado classificado como risco de vida, estavam utilizando um calçado comum a todas as outras atividades, com um solado em poliuretano bidensidade que atendia todas as outras posições de trabalho. Nesta nova normativa, com a evolução dos parâmetros de aferição em laboratório, se remeteu a melhorias efetivas na parte estrutural física do calçado isolante elétrico. Hoje, os calçados para eletricista em sua maioria apresentam solados em PU/borracha, calçados bidensidade e bicomponente, compostos por poliuretano com uma segunda camada de borracha, tomando-se que a borracha é considerada um material com isolamento elétrico excelente. Mais uma evolução efetiva, talvez a mais importante que vivemos nos últimos anos. Para concluir, em termos gerais é bom olhar para 10 anos atrás e ver o que existia nas prateleiras dos revendedores de EPIs, comparando com o que existe hoje, pois a evolução é evidente. Talvez com a retomada de um crescimento mais pujante da economia, com a conscientização, com uma venda mais técnica dos calçados profissionais, com o trabalho de todos, nos próximos 10 anos teremos mais acesso a toda esta tecnologia disponível. 42 • maio | junho