COLUNA
ANIMASEG
A evolução tecnológica do calçado de segurança,
um pouco do histórico e a necessidade
da evolução do conceito (parte 2)
Esta coluna iniciou na edição anterior da Tecnicouro
(317 - Março/Abril), quando se destacou
que, em termos gerais, o calçado de segurança
tem evoluído muito no País, entretanto, a evolução do
conceito e da importância do calçado ainda é modesta
diante de outros equipamentos cujos players tem bases
de desenvolvimento europeia ou americana. Também se
mostrou que um bom exemplo é o conceito da botina de
elástico, que é o tipo de calçado mais vendido no Brasil
mas, apesar disso, é desconsiderado como equipamento
de segurança em vários países desenvolvidos. Nesta segunda
parte da coluna, vamos a mais um exemplo e um
pouco da história da evolução do calçado no País.
Em 2009, a Associação Brasileira de Normas Técnicas,
através da ABNT NBR ISO 20.344 (e suas correlatas
20.346; 20.347 e 20.345), disponibilizou os testes de resistência
ao deslizamento que determinam a resistência
ao deslizamento para múltiplos pisos - resistência ao
deslizamento em pisos de cerâmica com solução de detergente
(SRA); resistência ao deslizamento em pisos de
metal com solução de óleo (SRB) e a terceira com ambas
as aprovações, ou seja, um solado classificado como
multifuncional (SRC). Então os fabricantes disponibilizaram
os melhores solados, com os melhores poliuretanos
e assim evoluíram tecnicamente o desempenho de seus
calçados para atender estes campos de risco que não
eram aferidos pela normativa anteriormente.
Notem que a evolução de produto existiu e está disponível,
mas não é raro, hoje, entrar em um ambiente
com piso metálico e verificar os colaboradores utilizando
um solado testado para campo de risco SRA, ou seja,
aprovação para pisos de cerâmica que diverge completamente
deste ambiente de trabalho. Insisto então que
o que falta é a evolução do mercado para a importância
da avaliação do campo de risco x calçado que está sendo
aplicado, tanto do lado do consumidores deste produto
quanto do lado dos técnicos de produtos dos fabricantes
e do conhecimento geral da população sobre calçados.
Em 2014, tivemos a adesão à norma ISO 17.249 para
motosserristas, uma atividade florestal altamente abrasiva
para a qual hoje temos condições técnicas, normativas
e de laboratório para oferecer um calçado com
resistência ao corte por motosserra. Tivemos em 2017 o
lançamento da nova normativa para calçados em couro
com isolamento elétrico a norma ABNT NBR 16.603:17,
esta normativa mais robusta que a anterior (NBR 12.576)
e com base e parâmetros ASTM e também compostos
com parâmetros das EN colocou o Brasil com um dos
calçados de nível técnico mais alto em termos de um
calçado isolante elétrico nível II. Esta nova norma que
ainda está em transição efetiva devido ao prazo de cinco
anos para extinção de laudos e certificados antigos
foi potencializada com os rigorosos testes com umidade
relativa do ar elevada. Então, apesar de ter sido lançada
em 2017, esta normativa será assunto contemporâneo
até o final de sua coexistência com a normativa antiga,
ou seja, 2022.
Dentro deste contexto, antes os eletricistas que têm
o risco potencializado classificado como risco de vida,
estavam utilizando um calçado comum a todas as outras
atividades, com um solado em poliuretano bidensidade
que atendia todas as outras posições de trabalho. Nesta
nova normativa, com a evolução dos parâmetros de aferição
em laboratório, se remeteu a melhorias efetivas na
parte estrutural física do calçado isolante elétrico. Hoje,
os calçados para eletricista em sua maioria apresentam
solados em PU/borracha, calçados bidensidade e bicomponente,
compostos por poliuretano com uma segunda
camada de borracha, tomando-se que a borracha é considerada
um material com isolamento elétrico excelente.
Mais uma evolução efetiva, talvez a mais importante
que vivemos nos últimos anos.
Para concluir, em termos gerais é bom olhar para 10
anos atrás e ver o que existia nas prateleiras dos revendedores
de EPIs, comparando com o que existe hoje, pois
a evolução é evidente. Talvez com a retomada de um
crescimento mais pujante da economia, com a conscientização,
com uma venda mais técnica dos calçados profissionais,
com o trabalho de todos, nos próximos 10 anos
teremos mais acesso a toda esta tecnologia disponível.
42 • maio | junho