Ed. 318 - completa Maio / Junho - 2020 | Page 3

O QUE FAZEMOS TEM ALGUM SENTIDO? No momento em que se faz este editorial, de poucas coisas podemos ter certeza. Uma delas é que o mundo já não é mais o mesmo e a mudança que se desenha pela frente é radical, e a outra é que mesmo assim as pessoas continuarão a precisar de calçados para protegerem os seus pés. De uma maneira geral, nos dois primeiros meses deste ano, o mercado brasileiro vinha sinalizando o início de uma recuperação, embora ainda muito tímida. O Governo Federal conseguiu avançar em algumas pautas importantes para que a roda da economia começasse a girar. Em janeiro, tivemos uma Couromoda e um Inspiramais, em fevereiro a feira 40 Graus, e em todas elas se pode constatar que as expectativas dos organizadores, líderes das entidades setoriais, expositores e visitantes eram de otimismo. E havia embasamento para isso. A equipe econômica do Governo Federal trabalhou no sentido de tornar os juros e o câmbio mais favoráveis, a reforma trabalhista conseguiu aprovar pontos importantes, os governos estaduais também se esforçaram para criar programas de incentivos fiscais em reconhecimento das dificuldades enfrentadas por diversos setores, incluindo o segmento coureiro-calçadista, então havia, sim, motivos para o entusiasmo. Essa percepção teve continuidade até o último mês de março, com a realização da Fimec. A feira aconteceu no momento em que os primeiros casos de infecção pelo coronavirus começaram a surgir no País e já avançavam em um ritmo preocupante na China e em países da Europa, principalmente. Daí para diante o panorama todo mudou. O mundo praticamente parou, países implantaram o isolamento social para que as pessoas pudessem cuidar da sua saúde e todos tivemos que passar a conviver com novas práticas de relacionamentos e cuidados redobrados com a higiene pessoal e a preservação da saúde. As empresas tiveram também que se reinventar, continuamos ainda a aprender como sobreviver - tanto como pessoas físicas quanto jurídicas. Para vencermos os desafios que surgem precisamos de serenidade e sabedoria. Por um lado, temos que olhar para a questão social, que é o bem-estar dos nossos funcionários, de nossos fornecedores e demais parceiros, que são o principal ativo das empresas. Por outro, temos que cuidar do caixa para que possamos honrar os compromissos e mantermos os negócios saudáveis. E isso passa também pelo domínio das novas ferramentas digitais. Por outro ainda, precisamos mostrar para o mercado que a nossa existência enquanto marca e empresa é importante. As pessoas continuarão a precisar de calçados. Isso é fato. Mas será que elas precisam do calçado que estamos oferecendo? O que fazemos faz algum sentido para elas? Quais são os valores que passamos com nossos produtos e atitudes? E como nos relacionamos também com o público interno? Esta crise que se instalou no mundo, sem dúvida alguma, nos trouxe também uma grande oportunidade para repensarmos os valores do nosso negócio e como vamos superar tamanha dificuldade. Boa leitura! Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo