OPINIÃO
Cinco
tendências
comportamentais
do consumidor
brasileiro
“
vivemos
uma mudança
de época
Marília Cardoso
jornalista, com pós-graduação em
Comunicação Empresarial,
MBA em Marketing e
pós-MBA em inovação
“
O
frade dominicano e escritor
brasileiro, Frei Betto, disse
uma frase que tem ganhado
cada vez mais notoriedade: “Nossos pais
e avós viveram épocas de mudanças.
Nós vivemos uma mudança de época”.
Essa colocação mostra o quanto o nosso
tempo está marcado por grandes e profundas
transformações. Segundo muitos
especialistas, estamos vivendo uma
mudança de era. Mas, afinal, quais são
as maiores tendências que representam
o nosso tempo? Vamos a elas!
Mundo tecnológico: a internet e
principalmente os aparelhos móveis
permitiram a conectividade entre as
pessoas 24 horas por dia, sete dias por
semana, independentemente de suas
distâncias geográficas. Essa conexão
mudou completamente as interações
humanas, potencializando as relações.
Essa ampliação do acesso a tudo e a todos
com apenas alguns cliques, mudou
drasticamente os comportamentos sociais.
Tanto é que, para muitos, se tornou
tão obsessiva que já há um termo para
defini-la: iDisorder, num trocadilho com
o iPhone.
Sustentabilidade: as pessoas se
atentaram para a necessidade de
preservar os recursos naturais para não
comprometer as gerações futuras. E a
sustentabilidade vai muito além da ideia
de conservação, preocupando-se com
a relação de interação entre a humanidade
e o meio ambiente. Para termos
uma vida mais equilibrada, precisamos
ter consciência sobre o que consumimos
e como geramos impacto. Felizmente,
as pessoas estão mais sensíveis a
essa questão e já aceitam até pagar
mais caro por produtos sustentáveis.
E engana-se quem pensa apenas em
meio ambiente quando falamos em
sustentabilidade. O termo envolve o
tripé entre as áreas sociais, econômicas
e ambientais.
Bem-estar: a vida urbana e digital
leva muitas pessoas ao desequilíbrio.
Nesse sentido, um mercado que ganha
força é o de relaxamento e bem-estar.
Os níveis de estresse e ansiedade nunca
foram tão altos e, na busca por mais
qualidade de vida, muitas pessoas estão
em busca de alternativas. Os segmentos
de alimentação saudável, fitness
e beleza natural estão entre os que
mais crescem, mesmo em meio à crise.
O aumento da expectativa de vida da
população também é um dos fortalecedores
dessa tendência. Queremos viver
mais e melhor.
Economia da experiência: de acordo
com vários especialistas em tendências,
estamos migrando da cultura do olho,
para a cultura da boca. Isso quer dizer
que, se antes nos importávamos com
as marcas das roupas e dos carros que
usávamos, hoje, estamos muito mais
preocupados com o que sentimos, o que
experimentamos, e principalmente, o
que postamos nas mídias sociais. Para
conquistar o consumidor, as marcas
precisam ir além, precisam criar experiências.
Todo o processo de compra deve
ser acompanhado por algo único, capaz
de estimular os sentidos. A experiência
na compra e na utilização de produtos e
de serviços deve ser memorável e transformar
o consumo em algo inesquecível.
Economia compartilhada: vivemos
a era do acesso e não mais da posse.
Então, se eu não quiser mais ter bens,
posso muito bem acessá-los por meio do
compartilhamento. Por mais que muitas
empresas e governos ainda lutem contra
essa tendência, esse é um movimento
sem volta. Ele se baseia no princípio
do “reduza, re-use, recicle, repare e
redistribua”. E pode se dar na forma de
redistribuição, quando um item que não
está sendo utilizado é direcionado para
outro local. Ou ainda, na forma de compartilhamento
de recursos, como tempo
e habilidades.
Como você pôde perceber, o mundo
está mudando muito e cada vez mais
rápido. Essas são as tendências mais
evidentes dos dias de hoje, mas, pode
ter certeza, tem muitas outras ao nosso
redor que ainda nem foram percebidas.
Minha sugestão é: fique atento aos comportamentos
emergentes. As pessoas
estão no centro dessas transformações.
São elas que ditam as novas regras e
condutas sociais.
64 • maio | junho