Ecocentro Cafubá Ecocentro Cafubá - Desenvolvimento de protótipo | Page 5
INTRODUÇÃO
Atualmente, no Brasil, 85,43 % da população
reside em áreas urbanas enquanto 14,57 % reside em
áreas rurais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Os processos de industrialização e
urbanização se deram de forma rápida e desordenada,
sem o planejamento necessário, gerando inúmeros
problemas
como
desemprego,
criminalidade,
favelização, fortes impactos ambientais, entre outros.
A ligação entre a industrialização e o
desenvolvimento
das
favelas
constitui-se,
principalmente, a partir do fenômeno do êxodo rural,
em que a população do campo migra para a cidade
devido aos processos de mecanização do meio rural e
da concentração fundiária. As pessoas passaram a
buscar moradias e melhores condições de vida nas
cidades mais industrializadas, contribuindo para a
rápida urbanização e para o processo de macrocefalia
urbana - crescimento urbano sem estrutura e
condições dignas de vida, decorrente do aumento no
número de habitantes de uma cidade.
Além disso, os recursos naturais disponíveis e a
capacidade regenerativa do planeta não suportam o
estilo de vida criado pela nossa sociedade, com um
crescimento dependente de energias não renováveis e
produção acelerada visando geração de lucro sem
considerar o lado social e nas consequências desse
modelo de evolução.
Este padrão de crescimento sem planejamento
adequado aumenta o problema de déficit habitacional,
próximo de 5,5 milhões de moradias, sendo cerca de 1,5
milhões nas regiões metropolitanas. Desses totais, 90%
correspondem a famílias em situação de pobreza, com
renda familiar na faixa de 0 a 3 salários mínimos.
A qualidade das habitações muitas vezes é
precária, sendo comum a falta de infraestrutura na
distribuição de energia, de saneamento básico,
dificuldade de acesso à água tratada, inadequação na
destinação de resíduos e, principalmente, inadequação
no uso de materiais e sistemas construtivos e a falta de
orientação técnica, gerando problemas relacionados ao
desempenho da construção como um todo.
O modelo atual de produção de habitação
popular, de construções padronizadas e de larga
escala, apresenta uma série de problemas, revelando-
se pouco eficiente e, possivelmente, reforçando a
segregação dentro das cidades. É preciso repensar
sobre esse tipo de modelo e alcançar as melhores
soluções.
Estes problemas, entre tantos outros, é
consequência do nosso sistema econômico atual. O
sistema capitalista é permeado por um imaginário
egoísta em que o cidadão se vê focado somente em
suas metas, seus interesses pessoais e sem o menor
senso de coletividade, porque o objetivo é sempre
lucrar.
Existem sistemas mais vantajosos para o ser
humano e a natureza, que promovem uma vida de
equilíbrio e cooperação entre ambos, nos quais
consegue-se suprir todas as necessidades básicas para
a vida de um indivíduo saudável sem interferir tão
negativamente no planeta que habitamos. A mudança
de pensamentos, estilo de vida e da relação que o ser
humano tem com o meio ambiente se mostra cada vez
mais necessária e urgente.
Há anos existem estudos e pesquisas de
indivíduos e grupos preocupados com estas e outras
questões
que
procuram
desenvolver
um
funcionamento da vida humana mais proveitosa para
homens e mulheres e para o ambiente em que estão
inseridos. Como exemplos de possíveis mudanças para
se conseguir uma vida mais harmoniosa, saudável e
eficiente temos os conceitos da permacultura,
economia solidária e arcologia, e assentamentos
humanos baseados nestes conceitos: ecovilas e
comunidades intencionais, que serão referências para
este trabalho.
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