ebook_curadoria_digital_usp.pdf Curadoria Teste - May. 2014 | Page 45
Uma questão importante e polêmica de ser destacada nesse contexto diz respeito ao profissionalismo/amadorismo
de quem efetua esse processo. Para além das dicotomias entre amadores versus profissionais19, questão que vem
sendo debatida sobretudo no contexto das rotinas de produção jornalística, entendemos assim como Rosembaum
(2011), que não há ameaças entre esses dois campos e que tanto profissionais quanto amadores amplificam e podem
se apropriar das práticas curatoriais digitais com fins e objetivos distintos e de qualidade.
Para Rosembaum(2011), a curadoria adiciona valor a partir dos humanos e do seu julgamento sobre o que está
sendo coletado e organizado, mas também é interessante pensar em uma não-hierarquização entre agentes humanos
e não-humanos no processo, uma vez que essa qualidade também pode vir da programação e da recomendação
entregue por um algoritmo.
Também é importante refletir historicamente que atividade de curadoria de informação não é exatamente uma
novidade e está presente na internet desde seus primórdios. Mecanismos de busca como Altavista, Yahoo! e Google
sempre priorizaram a organização e a recuperação das buscas de formas e com hierarquias e prioridades diferentes.
Por volta de 1997 e 1998, os primeiros blogs já faziam um tipo de curadoria através da recomendação e divulgação
de links (AMARAL, RECUERO, MONTARDO, 2009).
Para uma breve arqueologia das possibilidades e formatos de curadoria na web listamos as algumas tecnologias
mais utilizadas para esse fim: mecanismos de buscas(Google, Bing), buscas em tempo real, (a busca do Twitter, por ex)
blogs, agregadores de feeds (Google Reader), sistemas de recomendação (Last.fm), sites de redes sociais (Facebook),
plataformas específicas de curadoria (Scoop). A esses breves exemplos podem ser acrescentados muitos outros.
Em busca de modelos de curadoria online
Beiguelman (2011) propõe três possíveis modelos de curadoria online, combinando elementos humaos e nãohumanos. São eles: 1) curador como filtrador; 2) curador como agenciador; 3) a plataforma como dispositivo curatorial.
A partir delas tentaremos sistematizar alguns exemplos já citados anteriormente.
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Entre os múltiplos debates travados sobre o tema no âmbito da cultura digital, nos referimos aqui à defesa dos amadores/não-profissionais por parte de autores
como Shirky (2008) e Jenkins (2008) e, do outro lado, Keen (2009) ou Carr (2011). Nossa compreensão é de que os fenômenos são mais complexos do que a mera
defesa da produção e curadoria de conteúdo por um grupo específico ou por visões idealizadas de uma sabedoria coletiva.
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