ebook_curadoria_digital_usp.pdf Curadoria Teste - May. 2014 | Page 37
criando todo um novo campo de atuação que pode colocar em evidência a ação do comunicador na construção
coletiva do conhecimento e na formação de opinião na sociedade: o comunicador é responsável pela curadoria de
informação em rede.
Com isso, surge todo um conjunto de atribuições e de aprimoramentos da atividade comunicacional que sugerem
novas reflexões e discussões.
Aqui, tomamos por base as ideias de Anne-Marie Schleiner que em 2003 já propunha alguma caracterização para
a atividade curatorial em rede. A autora baseia-se no conceito de fluidez da sociedade (muito similar à sociedade líquida
de Zygmunt Bauman) como motivador de novas posturas e procedimentos para o exercício da curadoria. Destacamse: o predomínio do pensamento não-linear; o desenvolvimento de conteúdos informativos em fluxo contínuo; uma
compulsividade do curador para a criação, desconstrução e colecionismo; o gosto pelas interações sociais; e visão de
negócio atrelada ao conteúdo. (Schleiner: 2003, p. 2-5).
Estamos diante de uma espécie de “pensar fora da caixa” no exercício da comunicação contemporânea, implicando
para o comunicador competências que vão para além do formalismo das grades curriculares. É de se esperar que o
comunicador-curador consiga participar dialogando com a tecnologia da construção de algoritmos, sistemas CMS
e de aplicativos e, simultaneamente, ter uma visão socioantropológica do comportamento e das tendências de seu
público-alvo. Sem deixar de lado o processo histórico da informação e de sua correlação com mensagens atuais. É uma
dinâmica de mediação/re-mediação contínua entre públicos, fontes, sistemas, ferramentas e sociabilidades. Falamos
de um superprofissional? Seria um exagero na formação? Nem tanto, se levarmos em conta que é o momento de
rediscutirmos o perfil de nossa atuação. Ou então, repassamos a função para os algoritmos.
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