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ER artista no Brasil é um desafio con-
stante; não bastasse a falta de apoio e
de recursos, também lutamos contra o
desrespeito pela profissão que escolhe-
mos. Trabalho com múltiplas artes desde sempre e já
senti na pele todos os tipos possíveis (e impossíveis) de
dificuldades.
Iniciei minha jornada artística bem cedo, assim que
aprendi a escrever (aos 5 anos, copiando páginas de
jornal) e ganhei meu primeiro concurso literário aos
sete anos de idade, e a partir daí, a luta começou.
Eu participava de todo tipo de seleção (gastei uma
fortuna com selos) e o retorno era mínimo, então, acabei
desistindo e voltando minha atenção para o teatro,
que me ensinou muito. Como viver de arte no Brasil é
(praticamente) impossível, entre os estudos eu comecei
a trabalhar como professora de “datilografia” (sim vocês
leram direito).
A partir do teatro foi que me interessei por cinema
e percebi como todas as artes andam juntas, apesar de
infelizmente existir um enorme preconceito dentro da
própria arte. Comecei a pesquisar cinema e o prazer de
escrever voltou com tudo. Oficialmente eu trabalhava
com coordenação e tesouraria de campanhas políticas,
onde comecei também a criar vídeos institucionais; em
paralelo, retomei a carreira literária ganhando alguns
concursos e participando de antologias. Como a maioria
dos escritores iniciantes, recebi muitos “nãos”, fui
enganada por editoras, carreguei incansavelmente livros
debaixo de braço, tentando vendê-los num país “quase”
sem leitores, participei de projetos coletivos de pseudo-
acadêmicos onde era considerada “jovem demais” ou
“progressista demais”…tudo isso numa época anterior
a popularização da Internet (aquela que veio ao mundo
para nos divulgar).
A Internet e a criação das redes sociais e dos sites de
divulgação proporcionaram novo fôlego aos artistas em
geral: a oportunidade de se autopromover e descobrir
novos caminhos, como concursos e festivais. Seguindo
essa nova tendência eu consegui mostrar meu trabalho
de várias formas e para um público bem maior…Pude
exibir meus curtas em festivais do mundo todo, ganhar
prêmios de cinema e literatura e o mais importante: assinar
uma coluna numa revista internacional, a revista Suíça
“Varal do Brasil”. A coluna, que se chama CULTíssimo,
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