Dragões #445 Dez 2023 | Page 31

IMORTAIS
Mas não foi . Ao 13 .º minuto da 13 .ª jornada , acabado de passar a bola a António Oliveira , Fernando Pascoal Neves caiu inanimado no relvado e teve de ser transportado de emergência para o Hospital de São João . Entre os milhares de portistas nas bancadas e os que seguiam a partida através do relato a angústia era enorme . A dúvida quanto ao estado clínico do atleta pairava no ar e os maqueiros da Cruz Vermelha socorreram dezenas de espetadores que se sentiram mal . As más notícias correm depressa e o jogo já havia passado para segundo plano quando a dúvida deu lugar à certeza . Na Emissora Nacional , o comentador de serviço confirmava os piores receios : “ Pavão morreu ”. Flaviense de gema , Fernando Pascoal Neves tinha apenas 26 anos , era internacional português e ganhou a alcunha por abrir muito os braços nos relvados por onde espalhava magia . Fê-lo entre as décadas de 50 e 70 , começou no Desportivo de Chaves e mudou-se para a Invicta em 1964 . Estreou-se na principal equipa dos Dragões pela mão de Flávio Costa , numa vitória por 2-0 contra o Benfica , e dignificou as cores que o apaixonavam mais de 225 vezes . Atingiu o estatuto de internacional , realizou uma dúzia de jogos pela seleção e chegou a ser dono da braçadeira azul e branca durante duas temporadas . Só abdicou dela quando deixou de se sentir digno de a envergar , após receber seis jogos de castigo por protestos contra Américo Barradas , árbitro de um Leixões-FC Porto . Nos dias seguintes à morte do craque que contribuíra para a contratação de Cubillas , milhares de adeptos fizeram questão de se despedir dele e acorreram ao velório - uma missa de corpo presente que teve lugar no pavilhão das Antas . O cortejo fúnebre seguiu para o Cemitério de Agramonte , onde Pavão descansa eternamente no Mausoléu do FC Porto .
31 REVISTA DRAGÕES DEZEMBRO 2023