Dragões #436 Mar 2023 | Page 49

ANDEBOL
orgulhoso ”. Os adeptos podem continuar a contar com o Miguel durante muito tempo ? Da minha parte , sim . Claro que não depende só de mim . Depende de mim pela minha prestação ao longo da época , mas quem toma a decisão de querer continuar comigo é a direção . Se as condições se reunirem da melhor maneira para as duas partes , claro que fico satisfeito e fico muito feliz por continuar aqui .
Definiu o Ricardo Moreira como um exemplo pela carreira que teve no clube . Também o é pelo estilo de jogo ? O andebol , na altura em que ele jogava , era diferente . Tem vindo a evoluir de ano para ano e está a tornar-se um jogo mais rápido e mais versátil em que os pontas não estão só na ponta , participam mais no jogo . Em termos de finalização e mesmo de defesa , sim , ele era um grande defesa , até mesmo com o pivô . Não me considero tão bom como ele a defender ou a finalizar , mas tentei sempre seguir os exemplos dele e sinto que , em níveis diferentes , sou um jogador mais parecido com ele do que com outro tipo de ponta mais técnico .
Para quem olha mais no andebol nacional e internacional ? Tenho como referência o Aleix Gómez , do Barcelona . É um ponta muito eficaz , mas não é tanto o meu género , é mais extravagante e fora da caixa . Gosto da minha posição e sou bom no que faço , mas não encaixo nesse leque de pontas que arriscam mais no remate . Como me dizem no treino , sou o ponta que eles já viram a rematar com mais força . O que importa é meter a bola lá dentro , seja com uma rosca , uma folha ou um chapéu .
Partilha a ponta direita com o António Areia . Como

“ NÃO ME CONSIDERO

TÃO BOM COMO ELE [ RICARDO

MOREIRA ] A DEFENDER OU A FINALIZAR , MAS TENTEI SEMPRE

SEGUIR OS EXEMPLOS DELE E SINTO QUE (…)

SOU UM JOGADOR MAIS PARECIDO

COM ELE DO

QUE COM OUTRO TIPO DE PONTA MAIS TÉCNICO .”

é a vossa relação e o que aprendeu com ele ? Sempre tivemos um ótimo relacionamento dentro e fora do pavilhão , falamos sobre tudo . Nos treinos e nos jogos tentamos sempre dar dicas um ao outro de como atuar na defesa e de como marcar golos da melhor maneira . Já aprendi muita coisa com ele em termos de olhar para o guarda-redes e aguentar o remate , diz-me sempre para não fazer as coisas à pressa . Também lhe dou alguns conselhos quando estou de fora . Por vezes ele não vê bem o que o guarda-redes está a fazer e eu aconselho-o a rematar de determinada forma para ter mais sucesso . Acho que nos completamos .
Essa entreajuda é a melhor forma de aprender ? Sim , claro . Nos jogos , durante o aquecimento , depois de já termos aquecido o guarda-redes e enquanto esperamos para fazermos os nossos remates , vamos ao canto e falamos sobre os guarda-redes que vamos ter pela frente , sobre os vídeos que vimos deles e discutimos a melhor forma de os ultrapassar no jogo .
Leva já mais de oito anos como profissional , uma vez que se estreou ainda júnior na Taça de Portugal em 2015 . Quais foram os melhores momentos vividos até agora ? Um é sem dúvida esse jogo no Boa Hora , ainda me lembro muito bem . Estava muito nervoso , ainda
por cima com o Obradović , o nosso treinador na altura , que nos colocava muita pressão em todos os treinos . Sentia-me muito ansioso e pressionado , porque queria que as coisas corressem da melhor maneira para estar presente em mais jogos . Felizmente aconteceu . Esse jogo foi marcante para mim por ser o primeiro . A minha estreia no Dragão Arena frente ao Santo Tirso também foi significativa , tal como as conquistas do primeiro campeonato , da primeira Taça de Portugal , da primeira Supertaça , a ida à final 4 da Taça EHF e o primeiro jogo na Liga dos Campeões – que não acabou da melhor forma porque me lesionei , mas saboreei muito tudo o que aconteceu antes , até porque
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