Dragões #435 Fev 2023 | Page 49

Houve vários jogadores a brilhar no Mundial , com certeza olha para alguns deles e tenta recolher aspetos para o seu jogo . Quem são as suas referências no andebol ? O Rui Silva está entre elas ? O Rui tem de ser uma referência para qualquer central pela forma como organiza o jogo e como controla todos os momentos . Sabe acalmar , sabe acelerar , é um jogador extremamente completo e que deve ser um exemplo para todos . No que toca a jogadores estrangeiros , gosto muito do Kristjánsson , do Magdeburgo , que permitissem lutar por jogos mais interessantes , avançar as fases regionais , o que me fez ter mais competição . O salto para os Carvalhos foi fundamental , é uma das melhores escolas de formação do país e , depois de ganharmos o título de campeão logo nesse ano , vim para o FC Porto , um clube de referência na formação e que permite aos jogadores , desde cedo , jogar a nível sénior na segunda divisão . Foi para isso que vim , para continuar a dar seguimento ao trabalho que tinha vindo a fazer e para elevar o nível .

“ O RUI [ SILVA ] TEM DE SER UMA REFERÊNCIA PARA QUALQUER CENTRAL PELA FORMA COMO ORGANIZA O JOGO E COMO CONTROLA TODOS OS MOMENTOS . SABE ACALMAR , SABE ACELERAR , É UM JOGADOR EXTREMAMENTE COMPLETO E QUE DEVE SER UM EXEMPLO PARA TODOS .”

é um jogador contra quem tive a oportunidade de jogar este ano na Liga dos Campeões . É muito veloz no um contra um , um estilo de jogo que também me agrada e que gosto de observar .
Tudo começou no Espinho , por influência de um primo , e seguiram-se passagens pelos Carvalhos , a primeira experiência aqui no FC Porto e vários empréstimos até ao regresso . Quão importante foi passar por escolas com tanto prestígio no andebol ? Comecei no Espinho , o clube
da cidade onde vivo . Sinto que tive sorte no início , o Espinho estava num ótimo momento com muitos treinadores jovens , mas muito competentes . Sempre tive a sorte de ter boas equipas ,
bons companheiros que me
Havia muita ânsia e vontade de regressar ao FC Porto após os empréstimos ? Sim . Mal saí por empréstimo para o Gaia – e não é por não ter gostado de ter estado nos outros clubes , foram extremamente importantes para me desenvolver –, tive vontade e também a noção da dificuldade de regressar à equipa principal pelo patamar em que está . Era esse o meu foco .
Voltou num bom momento , depois de uma campanha muito bem conseguida no Europeu de Sub-20 . Isso deu-lhe confiança
para entrar num plantel recheado de talento e se afirmar ? A última competição que tivemos de seleções jovens foi o Europeu , aqui , em Portugal . Realmente atingimos um resultado formidável ,
pena não termos ganho , mas
continua a ser um resultado muito bom . Individualmente , as coisas correram-me bem e adquiri confiança para chegar à equipa principal . Pude contactar com alguns dos melhores jogadores do país e jogadores estrangeiros de alto nível . As competições internacionais dão-nos outro traquejo para podermos chegar aqui com algumas provas já dadas , embora sendo jovens , com alguma capacidade de olhar em frente e de lutar com os melhores jogadores portugueses .
Conquistou especial protagonismo na Champions , com as titularidades frente ao PSG e as boas réplicas que deixou . Esperava ter a oportunidade de fazer a diferença na melhor competição de clubes ?
Trabalhamos todos para sermos titulares e jogarmos mais tempo . Temos de ter consciência do nível que a equipa tem . Costumo dizer , e aqui não é um clichê , que todos podemos ser titulares nesta equipa , jogar e assumir o jogo . Se esperava ? É relativo . Estou feliz porque aconteceu e penso que tem corrido bem . O objetivo é agarrar as oportunidades quando forem dadas e saber aproveitar e desfrutar delas ao máximo .
Qual é a sensação de jogar contra os melhores jogadores do mundo a cada semana ? É formidável . Quando estamos de fora , temos alguma noção , mas quando jogamos é que nos inteiramos da diferença do contacto , do choque , da altura , do peso . Tudo conta . Podemos jogar contra jogadores que , quando
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