BASQUETEBOL
a possibilidade de concretizar esse sonho e foi algo extremamente emocionante para mim . Estar a aquecer , olhar para a bancada e ver lá a minha mulher , o meu filho e a minha família , é uma sensação única e faz tudo valer a pena .
O que mudou e o que não mudou desde há dez anos ? O amor dos adeptos continua igual . As pessoas estão sempre presentes , pois o FC Porto é um clube dos adeptos , do povo . É isso que nos diferencia de todos os outros . Aqui sabemos ganhar e perder juntos , algo que muitas vezes não acontece nos outros clubes . No FC Porto estamos sempre todos juntos na vitória e na derrota , mas queremos ganhar sempre , como é óbvio , porque esse é o ADN deste clube . Em termos de Dragão Arena , algumas coisas mudaram de sítio e já tive de me reajustar , mas foi fácil . Sinto que o clube está ainda mais organizado e que continua a crescer .
Que recordações guarda de 2010 / 11 , época em que se sagrou campeão nacional pelo FC Porto ainda muito jovem ? Foi uma época fantástica e tínhamos um plantel incrível . Na altura era dos mais jovens e sofria muito com as praxes dos mais velhos , mas felizmente para os mais novos agora isso já não acontece tanto . Mantenho uma grande relação com muitos dos jogadores que faziam parte desse plantel .
As experiências lá fora - França , Alemanha , Espanha e Islândia - foram importantes a nível pessoal e desportivo ? Quando comecei a jogar nos seniores do FC Porto , coincidiu com a altura em que podia entrar na universidade e sempre quis fazer Erasmus e viver no estrangeiro . Adoro viajar e esse lado de conhecer novas pessoas e novas culturas . Depois do Europeu de Sub-20 tive a possibilidade de ir para
França , para o Nanterre , e a partir daí comecei a usar o basquetebol para conhecer novas realidades . Acho que uma pessoa cresce mais rapidamente sendo independente e estando fora . Acima de tudo , todas as experiências me permitiram crescer rápido . Tive a sorte de estar em países fantásticos e todos eles me deram coisas novas .
A Islândia foi , por assim dizer , a experiência mais extravagante ? Sem dúvida , a Islândia é um país inacreditável . Eu e a Carolina casámos em casa a 27 de junho e fizemos o casamento a 24 de outubro , dois dias depois fomos para a Islândia , onde tivemos de fazer uma quarentena de cinco dias . Nessa altura , na Islândia , a partir das 14h00 já começa a anoitecer , o que é surreal . A partir daí até janeiro , podemos dizer que é noite o dia inteiro , praticamente não se vê o sol . A partir de fevereiro isso começa a mudar e até ao verão é dia quase o dia todo , pois lembro-me de me levantar às três da manhã , olhar pela janela e estar sol . Depois de dez meses na Islândia , senti muitas diferenças quando regressei a Portugal , pois lá é tudo muito pacato , quase não há Polícia , trânsito ou poluição sonora . Nos primeiros tempos depois de ter regressado a Portugal , sentia que a minha energia tinha ficado na Islândia , pois é um país que me cativou muito e que tem uma qualidade de vida incrível . Não trocava a minha experiência na Islândia por nada . Até um vulcão em erupção tive a possibilidade de ver depois de três semanas com sismos constantes . É difícil descrever por palavras estes momentos . Em termos basquetebolísticos , eles têm condições incríveis e isso foi algo que me surpreendeu , pois a Islândia não é um país com muita tradição na modalidade . À parte do basquetebol em si , aprendi a dar valor às pessoas que encontro pelo caminho e às experiências que vou vivendo .
50 REVISTA DRAGÕES OUTUBRO 2022