Dragões #430 Set 2022 | Page 7

UNIDOS CONTRA QUEM NOS QUER MAL

Seis décadas de dirigismo desportivo e quatro de presidência do FC Porto permitiram-me aprender diversas lições . Não são propriamente segredos , e algumas até são bastante óbvias , mas acho que neste momento faz sentido recordar três delas .
Primeira lição : nenhum campeonato está ganho ou perdido a 27 jornadas do fim . Na última época , por esta altura , tínhamos 17 pontos ( mais um do que agora ) e estávamos a quatro do líder ( menos um do que hoje ). Acabámos a época campeões e a bater o recorde de pontos da liga . Claro que estar à frente é sempre melhor do que atrás . Mas a nossa posição atual , não sendo a desejável , não é sentença nenhuma .
Segunda lição : quando ganhamos , os nossos inimigos reagem e intensificam os combates contra nós . Podia recuar mais de 40 anos e relembrar como é que nos tiraram o tricampeonato em 1980 , depois do bi que quebrou 19 anos de jejum . Mas não preciso de ir tão longe . Todos se lembram do que nos impediu de ganhar em 2019 , um ano depois de termos travado um penta que era dado como adquirido à partida . Nos últimos quatro meses ganhámos as três principais competições nacionais . Somos , por isso , um alvo a abater pelos mesmos de sempre . A campanha infame da comunicação social de Lisboa contra o Taremi é uma manifestação disso mesmo . E o discurso de Luís Camelo Vilar , que disse que o carro da família do Sérgio Conceição foi apedrejado por causa do discurso de denúncia do centralismo , é outro exemplo – que prova , além disso , até que ponto pode ir o fanatismo pelo centralismo .
Terceira lição : somos muito mais fortes quando os nossos inimigos são só externos . É evidente que uma das formas de tentar derrubar-nos passa por procurar dividir-nos . É a isso que se dedicam muitos paineleiros , vários deles repetentes nessa tarefa quase sempre inglória . Mas não nos podemos limitar a resistir perante eles . Acima de tudo , não lhes podemos dar nenhuma razão para nos atacarem . E temos de ser absolutamente intolerantes em relação a atitudes de supostos portistas que se comportam como inimigos do clube . O que se passou com o apedrejamento do carro da família do Sérgio Conceição depois de um jogo foi um acontecimento abjeto que merece o nosso repúdio . Quem o praticou , se for sócio do FC Porto e estiver , por isso , sob a alçada disciplinar do clube , terá de ser severamente penalizado .
Estas três lições convergem numa ideia : quanto mais unidos , mais possibilidades temos de combater quem nos quer mal e de contribuir para os sucessos das nossas equipas . Com menos adeptos , menos recursos e longe do centro do poder , temos ganho muito mais do que os outros . E temos todas as condições para continuar a fazê-lo . Juntos .
Jorge Nuno Pinto da Costa