Dragões #426 Mai 2022 | Page 29

TEMA DE CAPA

Artur Jorge

Campeão nacional em 1984 / 85 , 1985 / 86 e 1989 / 90
Nasceu na Lapa , cresceu na Sé e deu os primeiros chutos na bola nas frias e escuras ruas da mais antiga freguesia portuense . Artur Jorge mostrava desde cedo uma grande aptidão para a prática das mais diversas modalidades - basquetebol , voleibol e futebol à cabeça - , mas o destino reservava-lhe uma carreira gloriosa no desporto rei . Conheceu José Maria Pedroto com 16 anos e foi este quem agilizou a mudança do adolescente do Académico para o FC Porto . Adaptado às Antas depois de uma experiência no Lima , sagrou-se campeão de juniores de azul e branco e chegou à seleção nacional do escalão , até que a morte da mãe abalou de sobremaneira um percurso que se afigurava muito prometedor . Passou meses sem treinar nem sair de casa até recuperar do impacto devastador e até ser chamado por Otto Glória ao convívio do plantel principal . Convocado para uma digressão ao Brasil e para o Torneio Teresa Herrera , o infortúnio voltou a bater-lhe à porta e falhou o arranque da temporada de estreia nos seniores devido a lesão . Enquanto recuperava , candidatou-se à faculdade e acabou a representar a Académica para poder cursar Filosofia na Universidade de Coimbra . Avançado goleador e figura de proa na Briosa , viveu nas margens do Mondego durante quatro anos até se mudar para Lisboa depois de ter sido impedido pela PIDE de defrontar o Benfica na final da Taça de 1969 . Vence duas
Foi chegar , ver e vencer : sagra-se bicampeão nacional nas duas primeiras épocas e campeão europeu na terceira .
Botas de Prata pelos “ encarnados ” e termina a carreira no Restelo com as cores belenenses . Aproveita a formação superior em Germânicas para frequentar um curso de futebol em Leipzig que conclui com a nota máxima . Regressado a Portugal , é recebido com olhares de soslaio devido à paixão pelas Letras , mas Pedroto vê mais além e convida-o a integrar a equipa técnica do FC Porto . A fuga do Tri e a indecorosa final do Jamor em 1980 afastam-no do banco portista e Artur Jorge segue o Mestre para Guimarães antes de iniciar a primeira aventura a solo na costa algarvia . Leva o Portimonense do último ao sexto lugar e torna-se um dos últimos desejos do mentor , que o aconselha a Jorge Nuno Pinto da Costa para a sua sucessão . O presidente seguiu o conselho e , em 1984 , Artur Jorge era apresentado como o novo treinador do FC Porto . Foi chegar , ver e vencer : sagra-se bicampeão nacional nas duas primeiras épocas e campeão europeu na terceira . Não passou despercebido ao mundo do futebol nem resistiu à tentação , acabando por assinar pelos parisienses do Matra Racing a troco de muitos francos . Dois anos depois estava de volta à cidade que deu nome a Portugal para recolocar o FC Porto na rota vencedora . Dito e feito . Conquista o terceiro e último título nacional nas Antas , lança as bases de uma década única para os Dragões e despede-se meses depois para assumir o comando da seleção das quinas e do PSG .
29 REVISTA DRAGÕES MAIO 2022