ENTREVISTA

Desafiado por várias vezes , e por diferentes partidos , para se candidatar à presidência da Câmara Municipal do Porto , Jorge Nuno Pinto da Costa disse sempre que não . “ Era incompatível ”. Hoje já só lhe resta uma esperança “ muito ténue ” da ver aplicados os projetos de regionalização , mas recorda com orgulho o processo de descentralização que operou no futebol com parceiros como Fernando Martins , João Rocha e Valentim Loureiro .

O futebol mudou radicalmente nos últimos 50 anos , mas mesmo assim conseguiu vencer campeonatos em realidades tão distintas como a de 1978 e a de 2020 . Como é possível acompanhar tantas mudanças ? Temos que as acompanhar . Acho que o futebol melhorou muito , mesmo piorando em alguns aspetos . Não digo há 40 , mas há 35 ou há 30 anos , havia mais lealdade entre os dirigentes , a palavra valia mais . Fiz muitos acordos com clubes , que sempre cumpriram e eu cumpri também , sem termos nada assinado . Hoje já não faço contratos com todos sem assinar . Naquele que eu creio ter sido o melhor momento em termos de entendimento havia uma coisa a que chamávamos “ O Clube dos Presidentes ” e todos os meses os presidentes todos juntavamse num hotel , ou até na casa de um deles , para discutir ao almoço questões , acordos e estratégias . É evidente que ninguém ia furar tudo aquilo que tinha sido debatido , porque sabia que no mês seguinte seria confrontado por todos os outros . Havia solidariedade e uma vontade de melhorar , a pensar no futebol e não apenas em si . Lembrome de que quando eu entrei uma das nossas guerras - minha , do Fernando Martins , do João Rocha e do Valentim Loureiro - era a publicidade nas camisolas , que à altura não era permitida . Foi esse grupo que conseguiu fazer força e desbloquear esse assunto e hoje