Dragões #424 Mar 2022 | Page 53

DESPORTO ADAPTADO o desporto de competição dá mais confiança para viver a vida e tive sempre o apoio da minha família .
Qual foi o momento mais especial da sua carreira ? Fui abençoado por ter concretizado tantos objetivos . Ir a Campeonatos da Europa e do Mundo já era um sonho , mas o ponto mais alto a nível internacional foi ter ido aos Jogos Paralímpicos por duas vezes , é o expoente máximo e o que qualquer atleta deseja . Não poderia ter sido melhor .
O que significou ganhar o diploma em Tóquio ? Já no Rio de Janeiro tinha trazido um diploma por ter ficado no sétimo lugar a nível individual , o que foi histórico para mim . Em Tóquio , a nível coletivo o quarto lugar foi um resultado bastante bom , conseguimos um resultado também histórico para a modalidade .
Qual o título com mais significado para si ? Todos os de campeão nacional , porque ser o melhor atleta a nível nacional é sempre incrível , e ter sido campeão da Europa de pares com os meus colegas em 2017 . Foram os momentos mais altos da minha carreira .
Como se sentiu ao receber um Dragão de Ouro em 2014 ? Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira . Quando era miúdo sonhava receber um Dragão de Ouro , mas sempre pensei que não seria possível . Tenho noção de que foi um prémio justo por tudo o que fiz . Foi uma emoção muito grande ter subido ao ponto
“ O Dragão de Ouro é um sonho para qualquer portista , foi uma honra recebê-lo , senti-me muito feliz mesmo .”
mais alto de um portista , é um sonho tornado realidade . O Dragão de Ouro é um sonho para qualquer portista , foi uma honra recebê-lo , senti-me muito feliz mesmo .
Foi marcante aquele momento em pleno Estádio do Dragão em 2007 ? Foi o momento mais arrepiante da minha vida , sem dúvida . O estádio completamente cheio e eu tinha vindo do Campeonato de Portugal – competição correspondente à Taça de Portugal –, que venci em Fátima . Este era o campeonato mais difícil de ganhar porque só participavam os oito melhores jogadores do país . Foi um momento mágico , inesquecível , uma sensação única .
Como foi ter o presidente na cerimónia de encerramento da sua carreira ? Sinceramente , não tinha a certeza se ele ia estar presente . Ter ido ao Museu entregar alguns dos pertences que fizeram parte da minha carreira – aquelas três bolas duraram mais de 15 anos – na presença do presidente tornou a experiência ainda mais mágica . O presidente trata os atletas do boccia como trata os do futebol e isso é reconhecido por todos na secção e sentimo-nos muito bem com isso . É um presidente que não distingue e premeia sempre o trabalho .
Competia ao lado da Carla Oliveira em pares e treinava com ela . Como era a vossa relação ? Sente que melhorou muito com ela ? A nossa relação sempre foi de um companheirismo muito grande e
interajuda bastante boa . Quando a Carla entrou , tentei sempre ajudá-la da melhor forma que pude e , passado uns anos , quando ela atingiu o nível de excelência , percebi que podia melhorar uma coisa ou outra , ela puxou por mim de outra forma e a relação a nível de campo e de tática melhorou muito mesmo . A prova disso são os resultados que obtivemos a nível de clubes e de seleção .
Em que panorama está a modalidade em termos europeus e mundiais ? Acho que poderíamos estar bastante melhores . Se fui muito acarinhado pelo meu clube , pela seleção não posso dizer o mesmo , porque o selecionador foi uma pessoa incorreta para comigo desde 2018 . Nesse ano , fui campeão nacional , número um do ranking nacional , o melhor a nível internacional e o selecionador deixou-me de fora de uma competição individual , eu queixei-me e , como me queixei , ele não me chamou à seleção nacional
NOME Pedro Alberto Pinto da Clara
DATA DE NASCIMENTO 15 de agosto de 1983
NATURALIDADE Maia
MODALIDADE Boccia
CLUBES FC Porto
TÍTULOS 4 Campeonatos Nacionais Individuais 5 Campeonatos Nacionais Pares 7 .º Lugar Nos Jogos Paralímpicos 2016 – Individual 4 .º Lugar Nos Jogos Paralímpicos 2020 – Coletivo 1 .º Lugar No World Open Poznan 2015 Pares 1 .º Lugar No Campeonato Da Europa 2017 Póvoa De Varzim Pares
durante mais de um ano . É muito triste o que se tem feito a alguns atletas e acho que a seleção nacional deveria ter muito mais respeito pelos seus elementos . O panorama a nível internacional não é melhor porque há muitos interesses dentro da própria seleção , apesar de ter tentado lutar contra isso . Tenho o melhor a dizer dos meus companheiros de todas as classes , mas não estamos a ser reconhecidos como devíamos .
Sente-se um jogador à Porto ? Sim . Um jogador à Porto é aquele que não desiste , que luta até ao fim , que tem uma garra infinita , pode até não estar no seu melhor , mas dá sempre o seu melhor .
Gostava de continuar a deixar o seu legado no boccia ? Sim , gostava de ser treinador . Se for no meu clube , seria um sonho obviamente , mas se não for , tentarei noutro sítio , porque sei muito dela , tenho muita experiência e quero tentar fazer a minha parte .
53 REVISTA DRAGÕES MARÇO 2022