Dragões #423 Fev 2022 | Page 53

BASQUETEBOL

Como se proporcionou a vinda para o FC Porto ? O meu agente faloume sobre o interesse do FC Porto e disse-me para ter uma conversa com o Moncho López . Tivemos uma excelente conversa e ele convenceu-me de que esta seria uma boa situação para mim . Gosto muito da cidade e já tinha ouvido coisas boas sobre ela antes de vir , e gosto muito do treinador e dos meus companheiros . Foi fácil para mim escolher o FC Porto e estou muito satisfeito com a decisão que tomei .

Já conhecia o clube e a cidade ou informou-se assim que soube do interesse do FC Porto ? Informei-me mais sobre o clube e sobre a cidade assim que o meu agente me falou sobre a possibilidade de vir para o FC Porto . Muita gente adora Portugal e o Porto em particular , agora percebo porquê . Falando do clube , a equipa de futebol é sempre a primeira coisa que nos vem à cabeça , mas todas as grandes organizações têm um espírito transversal a todas as modalidades e no FC Porto é assim . Aqui , a expectativa é ganhar sempre , por isso o clube coloca as suas equipas numa situação em que têm todas as condições para ganhar .
Quão importante foi a préépoca para a integração dos novos elementos , incluindo o Charlon Kloof ? A pré-época é sempre importante , sobretudo para se ver como os jogadores funcionam e se complementam dentro do campo . É aí que se vê como os jogadores e a equipa reagem . Mais do que importante , acho que a pré-época foi muito benéfica para nós .
O que faltou ao FC Porto na FIBA Europe Cup ?
Olhando para trás , diria que talvez nos tenha faltado um pouco mais de experiência . Não tivemos o Max Landis , por isso não estávamos no máximo das nossas capacidades , mas quando falo da experiência , não falo da experiência no jogo em si , mas sim no facto de disputarmos duas competições por semana , algo que é muito exigente . A realidade é que três dos seis jogos foram muito equilibrados , mas nenhum desses três caiu para o nosso lado . Nestas situações , a forma como gerimos o nosso foco e a nossa energia é muito importante .
Visto que existem muitos jogadores que podem fazer várias posições , podemos dizer que a versatilidade é um dos pontos fortes desta equipa ? Sim , penso que essa é definitivamente uma das nossas forças . O Moncho López sabe potenciar isso e as coisas tornamse mais difíceis para os adversários quando desempenhamos bem o nosso papel e quando fazemos bem o nosso trabalho . Por vezes , com esta pandemia , não temos todo o plantel disponível para treinar ou para jogar , mas todos estão preparados para jogar onde for preciso .
O FC Porto ainda não teve muitos jogos esta época com todo o plantel saudável e disponível . Quando isso acontece , a equipa consegue efetivamente ser muito boa ? Não tenho a mais pequena dúvida de que podemos competir pelos troféus que ainda estamos a disputar . A nossa mentalidade é essa .
Como olha para Sporting e Benfica , os grandes rivais do FC Porto na luta pelo título ? São equipas fortes e bem preparadas , com bons treinadores e bons jogadores . Temos muito respeito pelos nossos adversários , mas focamo-nos em

Gosto de jogar como primeiro base , pois tenho uma espécie de obsessão pelo controlo do jogo . Como sou forte fisicamente e rápido , sinto que os outros bases têm dificuldade em defender-me .”

nós e no nosso trabalho diário , pois é isso que nos vai tornar melhores e mais fortes . O que importa é o que fazemos e os nossos objetivos . Concretizálos depende do nosso trabalho , por isso é esse o nosso foco .
É mais difícil jogar contra Sporting ou Benfica ou a exigência é igual em ambos os clássicos ? Na minha opinião é igual , sinceramente . O Sporting talvez seja mais intenso defensivamente , mas isso , curiosamente , vai ao encontro do meu jogo e favorece o meu basquetebol . O Benfica , por sua vez , joga num ritmo mais pausado , mas dada a versatilidade da nossa equipa , conseguimos adaptar-nos a vários tipos de jogo . Quando é preciso jogar rápido , jogamos . Quando é preciso jogar mais pausado , jogamos . Não consigo dizer se é mais difícil jogar contra Sporting ou Benfica , pois ambos são grandes adversários e têm muita qualidade .
Tem alguma posição em que se sinta mais confortável ? Gosto de jogar como primeiro base , pois tenho uma espécie de obsessão pelo controlo do jogo . Como sou forte fisicamente e rápido , sinto que os outros bases têm dificuldade em defenderme , por isso procuro aproveitar essa vantagem física que tenho sobre os meus defensores . Muitos olham para mim como um base marcador de pontos , mas a minha mentalidade é fazer com que todos os meus colegas se sintam confortáveis no ataque . Tento sempre certificar-me de que todos os meus colegas são envolvidos no ataque . Quando não conseguimos ganhar , quero sempre sair de campo com a consciência de que fiz tudo o que podia para ganhar .
Considera-se um daqueles jogadores capazes de fazer tudo num jogo de basquetebol , um jogador “ all around ” como se diz nos Estados Unidos ? Sim , acredito que sou esse tipo de jogador . Se olharmos para a minha carreira , já joguei em várias posições a alto nível e já tive papéis diferentes em equipas diferentes . Olhando para os números na minha carreira , podemos dizer que sou um jogador “ all around ”.
A este ponto da carreira , que autorretrato faz enquanto jogador ? Acho que , com os anos , evoluí nos aspetos que mais queria . Um jogador pode ser tudo aquilo que quiser ser . Com os anos , por exemplo , melhorei a forma
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