Dragões #420 Nov 2021 | Page 38

HÓQUEI EM PATINS

UM ARES da sua graça

Ricardo Ares não hesitou em cruzar a fronteira , tal como não hesitou em conceder esta entrevista à DRAGÕES . Desde a paixão pela modalidade às aventuras como selecionador espanhol , o treinador basco fala da chegada ao FC Porto como “ o máximo da carreira ”. Quase três meses depois da apresentação oficial , o resultado está à vista de todos : jogo direto , muitos golos e vitórias para satisfação da direção e dos adeptos , que merecem o respeito de Ares desde os tempos de jogador . O passado , o presente e o futuro imediato do treinador de hóquei estão vertidos nestas páginas .
ENTREVISTA de SÉRGIO VELHOTE

Faltava menos de uma hora para arrancar mais um treino quando Ricardo Ares começou a falar da nova vida como treinador do FC Porto . O palco foi o Dragão Arena , até porque não haveria melhor espaço para receber a primeira grande entrevista do técnico espanhol à DRAGÕES . E foi com um sorriso que o antigo selecionador espanhol se disponibilizou para a conceder . Havia muito para falar . Não só sobre as experiências profissionais que a vida de Ricardo Ares já lhe proporcionou , mas também pelo caminho entretanto traçado de azul e branco e o que ainda falta ultrapassar . Comecemos , no entanto , pelo passado e pelas primeiras vezes que calçou os patins , com os quais aprendeu esta modalidade como poucos , ainda que tenha começado a praticá-la tarde . Esta viagem leva-nos primeiramente a Pamplona , onde o hóquei em patins não era o desporto mais popular . Talvez por isso , Ricardo Ares experimentou o futebol , modalidade em que teve um momento que viria a mudar-lhe vida . “ O pai de um dos meus companheiros tinha jogado hóquei e um dia levou os sticks ”. Foi o que bastou . Com 11 anos , realizou o primeiro treino e a paixão pela modalidade continuou a crescer . “ Em Pamplona , não havia uma equipa de hóquei , mas quando os campeonatos dos mais novos terminavam , as escolas do Barcelona e do Reus iam a Pamplona e realizavam alguns treinos . Ver essas equipas e poder jogar num clube como esses tornou-se o meu maior sonho e foi para isso que trabalhei ”. O sonho tornou-se realidade aos 15 anos , quando se aventurou sozinho na Catalunha para ingressar nas escolas do Reus . Pouco a pouco , foi-se mostrando na equipa principal e chegou às seleções jovens de Espanha . “ Conquistei o Europeu de Sub- 17 , em Dusseldorf , curiosamente frente a Portugal . Foi uma prova de que realmente podia chegar ao campeonato espanhol , que sempre foi um dos meus desejos ”. Uma vida dedicada ao hóquei em patins que se traduziu em 17 temporadas como profissional no campeonato espanhol , anos em que também se testou como treinador . “ Desde júnior que treinava os mais pequenos e tive sempre essa oportunidade ao longo dos anos . Tive a sorte de treinar todos os escalões , tanto masculinos como femininos ”. Depois de o sonho de conquistar uma Liga dos Campeões como jogador não ter sido concretizado , a ambição passou a ser

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