LUXO
NO BANCO
Sérgio Conceição está há três anos a treinar
o FC Porto e há pelo menos uma coisa que já
todos os portistas devem ter fixado sobre ele:
é avesso a estatísticas e registos históricos.
Mas é inevitável, depois de ter vencido
mais um campeonato, voltar a olhar para
o passado e constatar que é cada vez mais
importante o peso que vai assumindo na
história centenária do clube. A par de Mihaly
Siska, José Maria Pedroto e António Oliveira,
o antigo extremo já pertencia ao grupo
restrito dos desportistas que conseguiram
ser campeões nacionais de azul e branco
como jogadores e como treinadores. Agora
que conquistou a Liga portuguesa pela
segunda vez em três épocas, passa a integrar
o leque dos técnicos que ao serviço do clube
alcançaram o principal título nacional em
mais do que uma ocasião. São dez, no total,
e através deles é possível contar uma parte
importante da história da transformação
do FC Porto no melhor clube português.
TEXTOS: DIOGO FARIA
Sérgio Conceição
Portugal, 1974
Épocas no FC Porto: desde 2017/18
Títulos no FC Porto: 2 Ligas
portuguesas, 1 Supertaça de Portugal
A 8 de junho de 2017, Sérgio
Conceição foi apresentado
como treinador do FC Porto e
exibiu uma autoconfiança que
só pode ter surpreendido quem
não tivesse acompanhado o
seu percurso anterior como
técnico e jogador. Seguro de que
acrescentaria conhecimento ao
clube, o antigo ala partilhava a
convicção de que em maio do
ano seguinte teria motivos para
festejar com todos os portistas,
e não falhou na previsão. Numa
época em que praticamente
não houve contratações para
o plantel, Sérgio Conceição
potenciou o rendimento da prata
da casa, implementou um novo
modelo de jogo e devolveu o
entusiasmo aos adeptos que
apoiaram a equipa em todos os
momentos. Os resultados não
demoraram a surgir: em 2017/18,
contra muitas previsões, o FC
Porto foi campeão nacional e
qualificou-se para os oitavos de
final da Liga dos Campeões; em
2018/19, venceu a Supertaça,
atingiu os quartos de final da
mais importante competição
de clubes do mundo – depois
de na frase de grupo ter sido a
melhor entre 32 equipas, com
16 pontos – e só não conquistou
de novo a Liga portuguesa
porque as últimas jornadas da
prova ficaram marcadas por
um conjunto de escândalos de
arbitragem que beneficiaram
o principal rival. Na terceira
temporada como treinador dos
Dragões, mesmo depois de
terem deixado a equipa vários
dos jogadores mais importantes
dos anos anteriores, Sérgio
Conceição voltou a conduzir o
clube a um título que alguns já
davam como perdido após a
derrota em Barcelos na primeira
jornada. A qualidade do trabalho,
uma vez mais, prevaleceu
contra tudo e contra todos.
REVISTA DRAGÕES JULHO 2020