Dragões #404 Jul 2020 | Page 11

11 “Estou plenamente convicto de que vamos ser campeões”. A 8 de dezembro de 2019, depois de empatar com o Belenenses em Oeiras e de ficar a cinco pontos da liderança do campeonato, Sérgio Conceição mostrouse plenamente confiante no sucesso do trabalho que vinha desenvolvendo. Um pouco mais de um mês depois, o FC Porto perdeu em casa com o Braga, a distância para o lugar mais desejado passou de cinco para sete pontos, e a equipa chegou a entrar em alguns jogos a dez pontos do Benfica. A 15 de julho, quando derrotaram o Sporting na antepenúltima jornada da Liga, os Dragões sagraram-se campeões nacionais. As notícias da morte desportiva do FC Porto, uma vez mais, revelaramse claramente exageradas. Por incrível que pareça, foi logo depois do primeiro jogo no campeonato que começaram a soar os alarmes. Os alarmes com que a partir de fora se tenta condicionar o que se faz dentro do clube, naturalmente. A derrota em Barcelos não deixou ninguém no grupo satisfeito, como é obvio, mas é tão estúpido hipervalorizar um percalço como simplesmente fazer de conta que ele não existiu. Alguns encheram logo a boca: o FC Porto nunca foi campeão depois de perder na primeira jornada da Liga. Quase um ano depois, tiveram de enfiar a viola no saco. O caminho até ao título não foi fácil nem isento de obstáculos. Houve infelicidades em alguns encontros, houve erros de arbitragem com impacto em resultados, houve lesões e castigos sempre indesejados, houve até problemas internos que foram públicos e que, à boa imagem de Pedroto, morreram à nascença: “No FC Porto os problemas nem se levantam, porque nunca chegam a existir”, proclamou o Mestre há muitos anos. E houve algo inédito e inesperado que teve um impacto brutal na forma como terminou a época. A pandemia da covid 19 implicou a suspensão das competições durante quase três meses, entre março e junho, e obrigou a que os jogadores treinassem individualmente em casa durante várias semanas. No regresso, quando ainda havia dez jornadas por disputar, os jogos tiveram de ser disputados à porta fechada, num ambiente estranho que não é apreciado por ninguém. Houve pelo menos dois aspetos comuns às duas fases deste campeonato: em ambas, o FC Porto entrou a perder e suscitou os comentários patéticos dos arautos da desgraça que sonham com o nosso mal e que agora estão muito frustrados; tanto numa como na outra, o FC Porto acabou por ser a melhor equipa e a que mais pontos fez, demonstrado inclusivamente nos clássicos frente aos principais rivais toda a sua superioridade – houve quatro vitórias nos quatro jogos com Benfica e Sporting, um registo que só tinha sido alcançado em 2002/03 com José Mourinho como treinador. Este campeonato conquistado em 2019/20 foi o 29.º da história do FC Porto, tendo em conta o formato da competição que está em vigor desde 1934/35. Na verdade, o clube também foi campeão nacional três vezes antes dessa altura, num tempo em que era uma competição a eliminar designada Campeonato de Portugal que atribuía esse título. Como já é tradição, este ano o triunfo também foi garantido contra tudo e contra todos. Desta vez, até contra uma pandemia. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020