CASAS
NOVEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
Vale de Cambra vestiu-se de azul e branco para celebrar um quarto de século de portismo organizado. Vinte e cinco anos depois da fundação, a Casa FC Porto local mostrou por que é, nas palavras de André Villas- Boas,“ bem mais do que uma simples sede”: é um ponto de encontro, de convívio e de identidade, agora reforçado pelas novas instalações que lhe deram“ nova centralidade” e condições para fazer ainda mais pela comunidade e pelo clube. Perante mais de 300 pessoas, numa terra que o presidente descreveu como de“ gente que faz”, o ambiente teve tudo o que se espera de uma grande noite: memórias, ambição e um olhar muito atento ao presente e ao futuro. O momento mais emotivo do discurso chegou quando o líder máximo do FC Porto pediu uma salva de palmas para Rui Filipe. Natural de Vale de Cambra, médio de enorme qualidade, autor de golos marcantes no arranque do pentacampeonato, Rui Filipe viu a carreira interrompida aos 26 anos, na madrugada de 28 de agosto de 1994, vítima de um acidente de viação. Villas-Boas lembrou-o como“ uma figura icónica” do clube, alguém cujo talento, paixão e ligação à terra“ permanecem vivos no coração e na memória de todos os portistas” e continuam a inspirar gerações. Entre a recordação do passado e a celebração do presente, ficou claro que esta casa também existe para manter acesa a chama de quem partiu demasiado cedo. A homenagem estendeu-se a quem hoje segura o leme. Domingos António Correia Silva, presidente há cerca de um ano e um dos fundadores da casa, foi apontado como exemplo de“ tenacidade e amor pelo FC Porto”, capaz de mobilizar cerca de 600 sócios num projeto com tendência para crescer. É desse dinamismo que nasce o desafio lançado por Villas-Boas: transformar o atletismo, já praticado de forma regular em torneios e provas populares, numa modalidade oficial e federada da casa. A proposta chega num contexto perfeito: na edição mais recente da Corrida do Dragão, a Casa FC Porto de Vale de
Cambra brilhou com o triunfo destacado de Filipe Ferreira e a vitória coletiva na classificação por equipas, levando o nome da terra e do clube ao lugar mais alto do pódio. O presidente garantiu o apoio do FC Porto e da Fundação FC Porto para que este passo se traduza em mais desporto, mais formação e mais associativismo“ de Dragão ao peito”. Mas a noite em Vale de Cambra também serviu para falar do presente competitivo e institucional do FC Porto. Villas- Boas recordou que o clube atravessa um ciclo“ bastante exigente a nível de calendário”, com muitos jogos em diferentes competições, e reforçou o compromisso com a vitória, pedindo“ pés bem assentes no chão” e muito apoio à equipa, sobretudo num Estádio do Dragão que terá casa cheia vezes sem conta nos próximos meses. Ao mesmo tempo, sublinhou o“ recente crescimento associativo”: nos últimos meses, o FC Porto ultrapassou a fasquia dos 16 mil novos sócios, um salto em que as casas espalhadas pelo país e pelo mundo têm um papel decisivo. Interpelado sobre a reunião recente na Federação Portuguesa de Futebol, o presidente explicou que o encontro com os líderes de Sporting, Benfica e Braga teve como tema central as receitas das apostas desportivas em
ligas internacionais, matéria que os clubes querem ver clarificada e aplicada“ nas medidas certas” para valorizar o futebol português, numa altura em que se aproxima também a centralização dos direitos audiovisuais. Outro ponto incontornável foi a arbitragem. André Villas-Boas assumiu que, no entendimento do FC Porto, não existe“ uniformidade de critérios, existe dualidade”, e que o clube“ tem sido prejudicado em alguns jogos e em lances de caráter duvidoso”. Depois de uma reunião específica com o Conselho de Arbitragem, deixou o aviso de que o FC Porto está“ de pré-aviso para as próximas arbitragens”, sublinhando, ainda assim, que o objetivo é claro: melhorar, ter decisões mais consistentes e um discurso público mais transparente. Entre a mesa posta em Vale de Cambra e as mesas de negociação em Lisboa, o fio condutor é o mesmo: um FC Porto que se quer forte no relvado, respeitado nos gabinetes e cada vez mais enraizado nas comunidades. A Casa FC Porto de Vale de Cambra, com a memória de Rui Filipe, o exemplo do seu presidente, a ambição no atletismo e a paixão de centenas de associados, é um retrato perfeito desse caminho.
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