Dragões #466 Set 2025 | Page 32

FUTEBOL
SETEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES

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Yann Karamoh

Há extremos que vivem da finta e há extremos que vivem da faísca. Yann Karamoh traz as duas. Aos 27 anos, o internacional jovem francês assinou até 2026 e chega para alargar o leque de soluções de Francesco Farioli na frente, reencontrando no Olival o treinador com quem já partilhou uma época intensa na Turquia.“ É um treinador muito bom, ainda jovem, que adora trabalhar”, sublinha. A declaração vale também como pista: Karamoh é jogador de contexto exigente, de rotinas fortes e de aceleração no momento certo. Nascido em Abidjã, a maior cidade da Costa do Marfim, e criado nos arredores de Paris, começou no Racing Club Colombes antes de o Caen o levar para a Normandia. Subiu em flecha: estreou-se pela equipa B aos 16 anos, somou internacionalizações sub-16, sub-17, sub-18 e sub-19 pela seleção francesa e, em agosto de 2016, Patrice Garande lançou-o na Ligue 1. Respondeu com cinco golos e três assistências em 36 jogos, números que abriram a porta de Milão. No Inter, marcou logo como titular frente ao Bolonha e seguiu um percurso de amadurecimento competitivo entre Bordéus e Parma, sempre a somar minutos de primeira linha. O cruzamento com Farioli dá-se no Karagümrük, da Turquia, na estreia do técnico italiano como principal: 35 jogos, quatro golos, uma assistência e a sensação de ter encontrado um treinador que potencia o seu raio de ação— partir da ala, atacar profundidade, fixar por dentro e aparecer no último terço. Depois, Itália voltou a chamá-lo. Passou por Montpellier por empréstimo e trabalhou no Torino com Lino Godinho, hoje adjunto no Dragão, antes de fechar o ciclo transalpino e aterrar no Porto para vestir a camisola 75. A apresentação é simples, na voz do
“ Passaram por aqui grandes nomes do futebol, muitos nomes importantes como treinadores e também como jogadores. É um grande clube europeu e é ótimo poder representá-lo.”
próprio:“ Sou um lutador e alguém que detesta perder”. O autorretrato encaixa no ADN do FC Porto e explica a escolha. Karamoh chega“ muito feliz” por representar“ um clube muito grande”, assume que ainda procura a melhor forma e dispara entusiasmo pelo início do trabalho. A contratação acrescenta velocidade curta, drible agressivo, ataques à profundidade e capacidade para desequilibrar com e sem bola nas duas faixas. Num plantel que lidera o campeonato, o francês oferece alternativas para mudar ritmos, abrir defesas fechadas e esticar jogos nos minutos em que a faísca decide. É por isso que a frase que escolheu para se definir tem peso específico: quem detesta perder costuma ser útil quando o relógio aperta.
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