Dragões #464 Jul 2025 | Page 30

TEMA DE CAPA
JULHO 2025 REVISTA DRAGÕES

Entre um plantel com estrelas e nomes sonantes há um central de 23 anos, nascido no Porto, formado no clube e moldado por empréstimos exigentes, que começa a escrever a sua própria história: Jorge Costa. Hoje sabemos que se tornaria capitão, ídolo e símbolo, mas naquele mês de novembro era apenas um jovem a lutar por um pouco de espaço com a certeza inabalável de que o seu momento chegaria.“ Quero fazer deste o meu ano de afirmação”, disse então em entrevista à DRAGÕES. A ligação de Jorge Costa ao FC Porto era mais do que profissional, era quase genética. Cresceu nas escolas do clube e habituou-se a vestir de azul e branco antes mesmo de sonhar com a equipa principal. O talento distinguiu-o desde cedo: foi campeão do mundo de Sub-20 em 1991, em Lisboa, ao lado de uma geração que marcaria o futebol português, mas o salto para o patamar sénior exigiu paciência e muitos quilómetros. Dois empréstimos moldaram a sua carreira. No Penafiel descobriu a dureza de lutar pela sobrevivência na I Divisão, no Marítimo ganhou minutos, maturidade e confiança.“ Passei por realidades diferentes, aprendi a sofrer. Voltar ao FC Porto era o meu objetivo, e é aqui que quero ficar”, recordou, na altura, ao jornalista Jorge Maurício Pinto. Quando regressou às Antas trazia já no corpo a capacidade de resistência e na mente a disciplina que só a adversidade transmite.

CONCORRÊNCIA DE LUXO A luta por um lugar no onze era feroz. Ao lado dele estavam dois centrais de peso: Aloísio, patrão experiente e voz de comando, e Zé Carlos, fiabilidade pura. Para muitos, este cenário seria intimidante; para Jorge Costa, era o ambiente perfeito para evoluir.“ Quem ganha com isto é o clube. No FC Porto só jogam os melhores”, observou. Ser apontado como um dos melhores centrais portugueses aos 23 anos era já uma honra para ele, que não ignorava o peso da responsabilidade.“ Se as pessoas me veem assim, não posso desiludi-las”, disse.“ Tenho de provar em campo que têm razão”. Foi o que fez. O estilo de Jorge Costa já se anunciava: posicionamento seguro, leitura de jogo apurada, antecipação e dureza no duelo.“ O defesa tem de impor respeito, mas sem agredir. É ser duro, agressivo, mas leal”. Para ele, a defesa era a base, mas o sucesso nascia do equilíbrio:“ O segredo do FC Porto é o conjunto. Defendemos e atacamos como equipa.” O futuro confirmaria que não eram apenas palavras. Jorge lideraria algumas das defesas mais sólidas da história do clube e do futebol português, conquistando títulos nacionais e internacionais com essa mentalidade.
A capa da edição de novembro de 1994 da DRAGÕES
Em abril de 1997 Jorge Costa recebeu, das mãos de Reinaldo Teles, o Dragão de Ouro na categoria de Futebolista do Ano

“ O defesa tem de impor respeito, mas sem agredir. É ser duro, agressivo, mas leal”.

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