TEMA DE CAPA
JUNHO 2025 REVISTA DRAGÕES
No dia em que celebrou 50 anos, Ricardo Ares saiu pela porta grande do Dragão Arena. O antigo treinador do FC Porto viveu quatro anos de excelência a chefiar a formação azul e branca que, debaixo do seu modelo de jogo e palavras de motivação, se tornou campeã nacional, da Europa e do Mundo. E por aí começamos. Foi com o técnico espanhol que, em 2021 / 22, os portistas venceram pela primeira vez a Taça Intercontinental, a única que faltava no palmarés internacional da modalidade. Foi no Pavilhão João Rocha que aconteceu“ o momento de viragem nos duelos frente ao Sporting”, como o próprio mencionou acompanhado pelos nove troféus que conquistou. Seguiu-se“ a conquista mais importante da carreira”, a Liga dos Campeões, e foi com o FC Porto que cumpriu“ o sonho de criança: ser campeão da Europa”. Tudo começou com uma conversa com Eurico Pinto.“ Foi a 18 de dezembro de 2020 quando o Eurico Pinto me ligou pela primeira vez, talvez a chamada mais importante da minha vida. Ficou claro que ambos queríamos o mesmo. Também graças a ele tive a possibilidade de cumprir o meu sonho de orientar uma equipa tão grande e especial como o FC Porto”, afirmou em entrevista ao jornalista Paulo Miguel Castro, no programa“ Porto de Interrogação”, do Porto Canal e da FC Porto TV.“ É espetacular o que conseguimos todos juntos. No meu primeiro dia de trabalho, senti-me confiante e certo de que íamos ganhar títulos. Agora, no hóquei em patins, é tudo tão equilibrado que é muito difícil ganhar-se sempre”, observou. Ainda assim, foram os Dragões quem mais celebraram neste período.
A nível nacional foram duas Taças de Portugal, que coincidiram com duas dobradinhas, para além de uma Elite Cup e três campeonatos nacionais. Ao estatuto de campeão da Europa e do mundo, Ricardo Ares também venceu a Taça Continental, erguida em Voltregà, onde arrancou a carreira como treinador. O último troféu foi conquistado em Barcelos, o terceiro campeonato em quatro possíveis, celebrado após uma época difícil.“ Quando demos a volta e começamos a trabalhar como deveria ser sempre, chegamos à final da Liga dos Campeões, mas não foi suficiente. Só se ganha essas provas e essas finais se realmente merecermos e não sinto que tenhamos feito o suficiente até esse momento. Felizmente, mantivemos a mesma intensidade até ao final da época, o que nos permitiu ter o tempo necessário para merecer o bicampeonato”, explicou, numa conquista conseguida de uma forma particular para o treinador, já que nunca tinha sido expulso na carreira. A primeira vez, aconteceu no jogo 2 da final, o que o obrigou a ver a partida longe do banco na terceira e quarta partidas:“ Antes de entrar naquele Jogo 3, senti-me muito nervoso porque não sabia como seria estar tão longe do banco, apesar de estar em constante comunicação. No entanto, vi o jogo de uma outra perspetiva e analisei o jogo de uma forma mais tranquila. O Nélson Filipe foi importantíssimo, os jogadores estiveram perto da perfeição e acho que fizemos um excelente trabalho”. O sucesso deve-se à ligação que criou com adeptos e jogadores:“ Senti-me muito acarinhado aqui. A minha timidez foi ultrapassada por essa proximidade que me permitiram ter com eles, desde as redes sociais até aos cumprimentos após os jogos. Espero que tenham sentido o meu carinho por eles porque sinto verdadeiramente que todo o universo do FC Porto faz parte da minha vida e fará para sempre”. Na cidade Invicta encontrou“ uma segunda casa”.“ Acredito que as pessoas do Norte têm uma personalidade muito semelhante à minha e à maioria dos bascos. Senti-me imediatamente adaptado. Tornei-me portista como me tornei uma pessoa do Norte. É um amor recíproco”, admitiu. Ao olhar para os nove títulos conquistados, Ricardo Ares não tem dúvidas.“ A Liga dos Campeões é a mais especial. Referi, no dia em que cheguei, que o meu sonho era ser campeão europeu. Não o consegui como jogador, por isso queria sê-lo como treinador, era o meu sonho. Quando o Eurico Pinto me ligou para formar parte deste clube, soube que podia lutar por esse sonho, ainda para mais pelos anos que o FC Porto tanto ansiava ser campeão europeu. Também por isso esta é a conquista mais marcante para mim”, disse, partilhando-a com a família, por lhe ter permitido dedicar-se“ a 100 % a esta paixão”. O futuro poderá reservar duelos frente ao FC Porto, mas Ricardo Ares nunca deixará de ser portista.“ Desde que cheguei, identifiquei-me rapidamente com os valores do clube”, contou.“ Terei saudades de muitas coisas, porque acredito que vai ser muito difícil para mim repetir o que vivi aqui em qualquer outro clube. Quero que o FC Porto continue a ganhar e a ganhar tudo, em qualquer modalidade. Vivi muito este clube e certamente continuarei a viver, mesmo longe. Sou um verdadeiro portista e estarão para sempre comigo”. E o Ricardo com todo o universo azul e branco.
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