Dragões #461 Abr 2025 | Page 39

“ Hoje, quando vejo as imagens ou alguém a falar dessa final, digo em jeito de brincadeira que ainda bem que não a larguei, porque passados quase 40 anos, sou eu que apareço sempre com a taça na cabeça. Se a tivesse dado ao Madjer, com o golo que ele marcou, era sempre essa a fotografia que aparecia.”
ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES do que nós, e jogavam bom futebol. Foi dos jogos em que mais dificuldades tivemos, mas nas Antas conseguimos dar a volta e vencemos por 3-0.
O FC Porto chega à final da Taça dos Campeões Europeus sem Lima Pereira e sem Fernando Gomes e o João Pinto assume a braçadeira. Houve algum nervosismo? Quando se subia ao relvado só queríamos vencer e dar tudo em campo, com ou sem braçadeira. Eles eram os capitães, mas o Frasco também era. Quando eles ficaram ausentes, o Frasco disse no balneário que devia ser eu o capitão. A final de 1984 serviu de exemplo para esta. Se em Basileia íamos para a festa, em Viena sabíamos que só haveria festa se vencêssemos. Antes da viagem, o Artur Jorge disse-nos para atribuirmos o favoritismo ao Bayern em qualquer entrevista que déssemos, mas queríamos ganhar o troféu.“ Vamos ver se os adormecemos um bocadinho e depois chegamos lá e damos-lhes com a moca”. Foi mais ou menos esta a ideia. Contrariando também o que aconteceu em 1984, já ficámos num hotel espetacular e sossegado, o que nos permitiu descansar melhor. Demoslhes um golo de avanço, que poderia ter sido evitado. Ao intervalo, o mister começou a corrigir algumas coisas que estavam menos bem e, antes mesmo de entrarmos para o relvado, disse-nos:“ Vocês têm 45 minutos para entrar na história do FC Porto, pensem no que têm a fazer”. A prova da nossa grande equipa e do grande plantel que tínhamos, porque não eram só os titulares que eram importantes, foi que, mesmo sem dois ou três jogadores cruciais para as nossas vitórias, vencemos na mesma.
Como foi levantar a taça? Foi como quando o meu pai me deu uma bicicleta pela primeira vez, ninguém podia andar nela. A taça foi a mesma coisa. Mesmo quando os meus colegas queriam tirar fotografias com ela, eu davalhes a taça, mas mantinha sempre a mãozinha agarrada a ela. Quando percebia que a fotografia estava tirada, voltava a ter a taça nas duas mãos e começava a correr. Não há palavras para descrever toda a emoção que vivi nesse dia. Hoje, quando vejo as imagens ou alguém a falar dessa final, digo em jeito de brincadeira que ainda bem que não a larguei, porque passados quase 40 anos, sou eu que apareço sempre com a taça na cabeça. Se a tivesse dado ao Madjer, com o golo que ele marcou, era sempre essa a fotografia que aparecia.

João Pinto

“ Hoje, quando vejo as imagens ou alguém a falar dessa final, digo em jeito de brincadeira que ainda bem que não a larguei, porque passados quase 40 anos, sou eu que apareço sempre com a taça na cabeça. Se a tivesse dado ao Madjer, com o golo que ele marcou, era sempre essa a fotografia que aparecia.”

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