“ O FC Porto conseguiu, através do senhor Pedroto, constituir uma grande equipa em três ou quatro anos para alcançar esses feitos. Com esse plantel e ao lado de todos os adeptos, que ainda sentiam na pele o que foi estar 19 anos sem ganhar um campeonato, preparou-se esta onda de contínuos sucessos, tanto a nível nacional como internacional.”
ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES
nos nos jogos, mas também nos treinos, que eram à porta aberta e estavam sempre cheios. Essa envolvência feznos mais fortes. Não há palavras para descrever o que era aquele tempo.
Apesar de jogar a defesa direito, fez 20 golos e vários sprints até à vedação para festejar com os adeptos. Sabia melhor estar perto deles nesses momentos? Lembro-me de marcar um golo ao Vitória de Guimarães que nos deu a vitória por 1-0 e atirei-me para o colo de um polícia a festejar. Fiz isso de forma espontânea, tal como no jogo frente ao Gil Vicente, em que marquei o golo com que vencemos por 2-1. Corri e atirámo-nos para cima da grade e só não passamos para o outro lado porque não dava. É um momento, não se sabe o que se vai fazer, mas é uma alegria enorme.
Pinto
Como eram os clássicos no Estádio das Antas? Eu vivia os jogos da mesma forma contra qualquer adversário em qualquer competição, até mesmo se fosse nos jogos pelas reservas. Costumava dizer que, se tivesse que jogar contra o meu pai, ia dar-lhe porrada, seguramente. Essa mentalidade também estava presente nos clássicos e podem dizer“ Lá vem o João Pinto com a mesma conversa”, mas era a verdade: quando passávamos as pontes já íamos a perder por dois ou três golos. Com a vinda do senhor Pedroto ficámos sem receio de nada. Graças a ele e às outras pessoas que souberam liderar, e muito bem, o nosso clube durante esses anos, começamos a conquistar os troféus e a derrubar as barreiras que, até então, eram inultrapassáveis.
Também foi preciso dar um clique a nível mental? A mentalidade de um jogador à Porto surge com o senhor Pedroto, foi ele quem nos incutiu isso. Um jogador à Porto só pensa em vencer qualquer jogo. Agora, para isso acontecer, cada um de nós sabia que era preciso deixar tudo em campo. Posso dar o exemplo do Frasco, um grande jogador a quem era preciso dar porrada para lhe tirar a bola e, muitas vezes, nem assim o conseguiam. Ele sempre deixou tudo o que tinha no relvado e era isso que cada um fazia. Graças a Deus, foram muitas mais as vezes em que conseguimos celebrar vitórias, dando sempre tudo pelo FC Porto.
Todos se lembram da final de Viena, mas há algum jogo dessa caminhada que o João Pinto destaque e que passe despercebido ao resto das pessoas? Lembro-me do quão difícil foi o primeiro jogo da segunda ronda em casa do Vítkovice, da antiga Checoslováquia. Perdemos 1-0 e fomos massacrados do princípio ao fim. Se fomos três vezes à baliza deles já foi muito e uma delas fui eu que chutei quase do meio-campo e a bola foi à barra. Apesar da derrota, sinto que a sorte esteve do nosso lado nesse dia. Eles eram altos, muito mais corpulentos
“ O FC Porto conseguiu, através do senhor Pedroto, constituir uma grande equipa em três ou quatro anos para alcançar esses feitos. Com esse plantel e ao lado de todos os adeptos, que ainda sentiam na pele o que foi estar 19 anos sem ganhar um campeonato, preparou-se esta onda de contínuos sucessos, tanto a nível nacional como internacional.”
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