Dragões #459 Fev 2025 | Page 32

TEMA DE CAPA
FEVEREIRO 2025 REVISTA DRAGÕES

“ TODA A GENTE FICA PARVA QUANDO VISITA O MUSEU ”

Entre o FC Porto de 1982 e o de 2024 há muitas diferenças para lá do palmarés . Jorge Nuno Pinto da Costa elegeu o rebaixamento do Estádio das Antas e a construção do Museu como duas das obras mais especiais , até por terem sido executadas em contextos de adversidade . A afirmação do Dragão enquanto imagem de marca do clube é outro dos marcos relevantes destes 42 anos . E , também neste caso , o que agora parece óbvio começou por não ser pacífico .
“ Fui à RTP , dei uma entrevista enquanto diretor de futebol e disse : ‘ A FPF que não se esqueça de que no nosso símbolo está um dragão . E que o dragão está adormecido , mas se acorda ia ser um problema ’. E eu saí da televisão a dizer que tinha tido uma boa ideia – não tinha pensado naquilo , saiu-me na altura .”
É também um presidente com obra . Do rebaixamento do Estádio das Antas ao Museu , passando pelo Estádio do Dragão ou pelo Dragão Arena , qual delas o encanta mais ? Todas as obras têm uma história . Lembrome que o Estádio das Antas , em 1982 , passou a ter um público que num jogo normal enchia o estádio . Nos jogos de futebol havia gente na pista por todo o campo . Ainda hoje não sei como é que era possível isso acontecer . Se hoje tivéssemos gente na pista e o juiz de linha a correr ao lado das pessoas , acho que não acabava um jogo , mas era assim . A minha filosofia foi assim : não podíamos aumentar o preço dos bilhetes , porque era uma altura difícil e as pessoas que vinham ao futebol não tinham possibilidades , por isso achei que a única possibilidade era aumentar a lotação . Falei com o Óscar Cruz , que era o meu diretor das obras , e pus-lhe a questão : “ Seria possível ou é uma loucura ?”. E ele disse que ia estudar . Reuniu com os engenheiros – o eng .º Valente e outros – e um dia disse-me : “ Presidente , isto pode-se fazer ”. Lembro-me de que quando disse à direção “ vamos fazer o rebaixamento do estádio ” a reação foi : “ O quê ?”. Uns diziam que passava um rio por baixo , outros que havia um cemitério por baixo do campo … E eu disse : “ O que me dizem é que se pode fazer ”. Então pedimos um subsídio do Estado que foi indeferido porque a obra era irrealizável . Eu e o engenheiro Pimentel fomos falar com o eng .º Valente de Oliveira e eu disse-lhe : “ Senhor ministro , nós queremos fazer isto , isto vai aumentar a lotação em 20 mil lugares – que era quase um estádio novo –, e nós achamos que por lei temos direito ao subsídio e que inviabilizarem-nos isto não é correto ”. Então ele disse : “ Se vocês têm um estudo , mandem para cá o estudo e nós vamos ver ”. Havia a má vontade de um organismo que era a DGERU , que era a que dava os pareceres . Um dia a DGERU veio fazer uma visita ao estádio para tentar provar que era impossível , e o Óscar Cruz , que era e é uma figura fantástica , foi à reunião com eles . E eles diziam : “ Isto não pode ser por isto …”. E ele contrapunha . E eles avançavam outro argumento , e ele contrapunha . Às tantas , o engenheirochefe vira-se para o Óscar Cruz e diz : “ O senhor engenheiro pode ter razão ”. E diz o Óscar Cruz : “ Engenheiro , não . Eu sou pedreiro . Engenheiros são os meus empregados ”. O homem ficou passado , mas lá deferiram e fez-se a obra . Lembrome que o meu presidente do Conselho Fiscal disse que eu era um inconsciente , que podia acontecer uma desgraça e o estádio podia cair , que não queria ser conivente com aquela loucura e demitiuse . “ É que vai tudo preso ”, dizia-me ele . E eu disse-lhe : “ Olhe , se eu for preso por ter feito uma obra para o FC Porto , não há problema nenhum . Eu vou fazer a obra ”. E fizemos . Na altura houve sugestões para convidarmos o prof . Cavaco Silva , que era o primeiro-ministro , para vir
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