TEMA DE CAPA
FEVEREIRO 2025 REVISTA DRAGÕES
A última grande entrevista à Dragões versão editada da entrevista originalmente publicada na edição de abril de 2022
Do centralismo à regionalização , da recusa sistemática em assumir qualquer cargo político ao valor da palavra de outros tempos , da obra aos troféus , o presidente mais titulado da história do futebol mundial começou por onde se impunha : por ele e por Pedroto , mas também por Artur Jorge , o treinador que ninguém queria , e por outros dois que ele quis e não pôde ter : Arsène Wenger e Mircea Lucescu . Um e outro chegaram a assinar contrato e o romeno até passou dois dias no Porto escondido da comunicação social . Entre inúmeras aquisições , teve a transferência de Romário praticamente acertada com o jogador e o Vasco da Gama , mas o “ Baixinho ” só saiu para o PSV e de lá para o Barcelona .
Se a 23 de abril de 1982 alguém lhe dissesse que 40 anos mais tarde ainda aqui estaria na qualidade de presidente do FC Porto , o que teria dito a essa pessoa ? Diria que era maluca , era o que eu diria [ risos ]. E , se calhar , se eu pensasse que tal seria possível , também eu seria maluco . É o destino , mas verdade é que ainda cá estou .
Quando se fala em 1982 , o ano da sua eleição , fala-se num momento de viragem no futebol português . Como se sente na pele de protagonista dessa revolução ? Não me sinto nessa pele . Sinto que vim para o FC Porto com um programa muito ambicioso e essa foi a minha única preocupação . De resto , o futebol português foi evoluindo normal e naturalmente , mas essa não foi a minha preocupação dominante , que era cumprir o meu programa , que elaborei com a colaboração do eng .º Armando Pimentel , o meu primeiro secretário geral . Felizmente , nada do que lá foi escrito ficou por fazer .
Quando foi eleito presidente já tinha a experiência de ter passado por várias direções , desempenhando diferentes funções . Qual foi a importância desses primeiros anos de dirigismo ? Foi muito importante . Há dias encontrei uma pasta com cartões e , curiosamente , o meu primeiro cartão de dirigente é de 1962 , ou seja , é de há 60 anos . Era da secção de hóquei em patins e revivi , através desses cartões , o meu percurso no FC Porto . Fui chefe
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