Dragões #458 Jan 2025 | Page 46

FUTEBOL
JANEIRO 2025 REVISTA DRAGÕES

As primeiras idas ao estádio despertaram-lhe a vontade de saltar para os relvados e aos oito anos apertou pela primeira vez os cordões das chuteiras que nunca mais quis descalçar . Passou por Braga , Póvoa de Varzim e Vila do Conde antes de realizar um desejo que sempre teve e nem nos melhores sonhos imaginou ser possível concretizar . Aos 21 vestiu a camisola azul e branca , estreou-se no recinto onde viveu momentos inesquecíveis com o pai e , de mãos dadas com uns “ adeptos únicos e especiais ”, voltou a sonhar .

A Inês Oliveira é portista ? Claro !
Ainda se lembra da primeira vez em que ouviu falar do FC Porto ? O meu pai também é portista , então eu ouço falar do FC Porto e vou ao Estádio do Dragão desde que me lembro .
Como é que lhe transmitiram os valores portistas ? Acho que sentimos mais quando vivemos o clube , vamos ao estádio , ouvimos o hino , os adeptos , sentimos o ambiente . Essa é a melhor forma , é mais eficaz do que ouvirmos apenas falar do clube .
“ Sei que estou a jogar duas divisões abaixo , mas estou a jogar no FC Porto e o amor que tenho pelo clube fala mais alto .”
E a paixão pelo futebol também começou assim , na condição de adepta ? Desde que me lembro que ando sempre com uma bola nos pés . Jogo à bola com o meu pai desde que pequenina . Na escola andava sempre com uma bola atrás , às vezes levava a bola e esquecia-me dos livros . A minha paixão pelo futebol surgiu muito cedo , a ver jogos e também a jogar .
Lembra-se do primeiro jogo de futebol a que assistiu num estádio ? Não tenho ideia , mas é provável que tenha sido no Dragão .
Percebeu logo que queria saltar para os relvados ? No primeiro ciclo eu jogava na escola e havia duas professoras que tinham uma equipa feminina que se chamava “ Estrelinhas ”. Na altura juntámos um grupo de raparigas , fizemos uns treinos , éramos todas muito novinhas . Chegámos até a participar em alguns torneios . Foi assim que tudo começou .
Que idade tinha nessa altura ? Sete ou oito anos .
Aos 15 foi jogar para o Braga . Fazia a viagem todos os dias ou mudou-se para lá ? No meu primeiro ano jogava com mais três raparigas do Porto e havia sempre um pai por semana a levar-nos aos treinos e a trazer-nos a casa . No segundo ano comecei a jogar pelas sub-19 e já havia uma carrinha que nos apanhava no Porto e nos trazia depois dos treinos , por isso nunca tive de me mudar para lá .
Foi fácil conciliar os estudos com os treinos e as deslocações diárias ? Quando queremos muito uma coisa , arranjamos sempre tempo para conciliar os estudos com o desporto e a vida pessoal . É uma questão de nos adaptarmos e de aproveitarmos bem o tempo livre que temos .
Ter ido para o Varzim , da segunda divisão , foi um passo importante na carreira ?
Sem dúvida . Tinha 17 anos e foi o meu primeiro ano a jogar com mulheres , algumas delas tinham idade para serem minhas mães . Foi um passo importante e tinha de ser dado naquela altura .
Era uma das mais jovens da equipa . Como é que lidou com a exigência ? Custa sempre , mas a equipa integrou-nos muito bem . As jogadoras mais velhas tinham muito cuidado connosco , eram preocupadas . A exigência sempre esteve presente na minha vida , sou muito exigente comigo própria por natureza , por isso não me assustei muito .
Em 2022 foi jogar para o Rio Ave . Como é que viveu essa passagem por Vila do Conde ? Fui para o Rio Ave numa época em que o clube ambicionava subir à primeira divisão e no fim sentimos todas um choque por descermos à terceira . Não estávamos à espera . Não foi fácil , foram duas descidas de divisão seguidas - uma no Varzim e outra no Rio Ave - e isso desanima qualquer pessoa , mas no ano seguinte lá conseguimos subir .
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