Dragões #456 Nov 2024 | Page 55

HÓQUEI EM PATINS
NOVEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES
O único reforço dos campeões nacionais chama-se Tomás Santos e estreia-se na DRAGÕES com uma maturidade inesperada e com a ambição partilhada por todo o universo azul e branco . Tem 17 anos , sabe o que quer e baseia-se no trabalho diário como chave para o sucesso que procura alcançar com a camisola de todos nós . À imagem do avançado , esta é uma entrevista a não perder .
ENTREVISTA de SÉRGIO VELHOTE

Chegar ao FC Porto para reforçar o plantel da equipa de hóquei em patins , atual campeã nacional , não é para todos , muito mais quando se tem 17 anos , mas é a superar todas as expectativas que Tomás Santos tem subido degraus na carreira , sempre à procura da “ melhor versão ”. Agora , com a camisola 4 azul e branca , vê-se “ entre os melhores do mundo ” e sentese no clube certo para fazer história . O peso de ser uma das maiores promessas da modalidade não afeta o jovem Dragão , como o discurso do próprio comprova . É confiante , sereno e assertivo , como se respondesse com a mesma inteligência com que passa pelos adversários e com a eficácia que demonstra em frente à baliza . Nesta viagem pela carreira do internacional sub-19 português , atravessámos todo o percurso de formação até ao balneário portista , onde Tomás partilha momentos únicos com os ídolos do hóquei em patins . Tudo começou no Carvalhos e a ver o irmão sobre patins . “ Via-o na pista e só pensava em imitá-lo ”, começou por dizer o avançado , que cedo agarrou a vontade de singrar dentro do rinque graças ao apoio da família . “ O meu pai fez questão de me dar um stick de plástico que mais parecia um taco de golfe . Lembro-me de o ter partido , devido ao uso , e fiquei muito triste . Os meus pais fizeram o que podiam , tentaram concertá-lo com fita-cola , porque sabiam o quanto eu me divertia ”. Foi com dois anos que começou a praticar e desde cedo não teve dúvidas . “ O meu irmão marcava muitos golos e eu queria ser como ele , por isso nunca me deu para ir para a baliza ”, explicou .

DE CLUBE EM CLUBE O percurso de Tomás Santos passou por Carvalhos , FC Porto , Valongo e Oliveirense antes do regresso a Valongo e ao FC Porto , tudo num espaço de poucos anos . O hoquista olha para estas mudanças como “ decisões acertadas ”. “ Acredito que foi sempre o melhor para mim nos diversos momentos . O Carvalhos é um clube histórico na formação . O FC Porto deu-me a possibilidade de competir ao mais alto nível . Na primeira experiência em Valongo e em Oliveira de Azeméis , trabalhei com o Raul Alves , que me ensinou muito . O regresso a Valongo permitiu-me ter oportunidades que não teria noutro lado ”, atirou o jovem atleta , que teve a chance de se estrear na Liga dos Campeões em Lodi , Itália , na última época .
Tudo isto surgiu graças a muito trabalho , ainda que a opinião fosse geral pelos diversos pavilhões em que atuou . “ Todos me diziam , desde cedo , que eu tinha algo de diferente , pela personalidade que sempre demonstrei dentro do rinque . Acabei por ganhar ainda maior motivação para continuar a trabalhar ”. Uma ambição que se traduz nos jogos e também nos treinos . “ Procuro estar sempre no meu melhor e dar sempre tudo nos treinos , mesmo que , por vezes , isso não seja possível . Também tentei nunca perder um jogo , procurei sempre ver as partidas das equipas séniores com o intuito de analisar o que os jogadores faziam para continuar a aprender ”, sublinhou . Só assim se consegue ser o mais novo a representar Portugal no Mundial de Sub-19 , um dado que por si só já teria direito a referência , só que Tomás Santos não ficou por aí . Foi uma das principais figuras da seleção , ao ser o melhor marcador das quinas com 12 golos em seis partidas . “ Foi uma caminhada muito bonita em que fizemos grandes jogos . Por exemplo , os 20-0 frente à Colômbia , em que sempre respeitamos o adversário , ou mesmo o embate frente à Argentina , que ficou praticamente decidido na primeira parte devido à nossa grande entrada no encontro ”, derrotando
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