Dragões #454 Set 2024 | Page 18

TEMA DE CAPA
SETEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES
Os adversários não ficam hipermotivados por defrontarem o FC Porto ? Ficam , não só o guarda-redes como toda a equipa e até o próprio clube . Toda a gente fica muito empolgada por jogar contra nós e nós temos de estar ao nível deles . Se temos mais qualidade é preciso elevar os níveis emocionais , a atitude , e com isso estaremos mais perto de ganhar .
Sabe quantos penáltis já defendeu ou já perdeu a conta ? No futebol profissional ?
Sim . Diria uns dez ou doze .
Fora desempates foram dez . Qual é o segredo para defender tantos ? Tento ser um guarda-redes muito completo , preparar tudo o que envolva o jogo e fazer tudo o que é necessário para um guarda-redes . Vou contar um episódio que aconteceu contra a Eslovénia , no fim do prolongamento : os treinadores perguntaram-me se eu queria ver as probabilidades dos batedores e eu disse que não queria ver . Foi muito instinto , fruto do que estava a ler do batedor no momento . Claro que também existe a técnica de saída à bola , mas foi mais o pressentimento e a experiência adquirida ao longo da vida .
Confia mais no instinto do que no trabalho de casa ? Não . Confio mais no trabalho , porque cheguei aqui muito novo e apanhei jogadores de top mundial que me disseram que o trabalho diário é que faz a diferença . É o trabalho diário que traz qualidade para o nosso jogo . A qualidade não chega , eu diria que 60 ou 70 % é fruto do trabalho e o resto é qualidade .
O que significa para si usar a braçadeira do FC Porto ? Mais responsabilidade . Nunca esperei ser capitão tão novo , mas é um orgulho e uma honra enorme . Sempre vi os capitães do FC Porto como exemplos e fico muito grato por me verem da mesma maneira . Sinto mais responsabilidade e tento dar o exemplo , porque é uma honra enorme ser capitão do meu clube do coração .
Como define o seu estilo de liderança como capitão ? Temos que saber decifrar o momento para sermos mais brutos ou mais leves , tentando perceber com que jogador estamos a lidar . Sempre fui uma pessoa calma e não preciso de falar alto . Considero-me um capitão que está aqui para ajudar a equipa , acima de tudo .
Como foi a integração dos novos reforços e que papel desempenhou na mesma ? Tem sido muito boa , compete-me dar-lhes as boas-vindas e realçar que o trabalho é mais importante do que a qualidade . Digo sempre isso e para continuarem a trabalhar , porque só trabalhando muito é que iremos sair todos a ganhar .
Levantou a Supertaça na estreia como capitão . Como foi possível ganhar ao campeão nacional depois de estar a perder 0-3 aos 27 minutos ? Sinceramente nem eu acreditava e quando sofri o terceiro golo já não acreditava que íamos ser capazes de dar volta . Sabia que tínhamos qualidade técnica e emocional para dar a volta , mas 0-3 … qualquer pessoa a quem pergunte irá responder que é muito difícil . Mas foi muita vontade de querer mudar o que estávamos a mostrar , houve ajustes táticos e isso , mas conseguimos virar o resultado graças a uma atitude muito boa .
O FC Porto nunca tinha virado um resultado daquela forma em quase 131 anos de história . De onde veio tanta força ? É a vontade de honrar o clube que estamos a representar , honrar o que nós somos enquanto jogadores e dar tudo o que podemos ao clube . Foi graças à atitude , além dos ajustes táticos , e conseguimo-lo pela questão emocional .
O Martim Fernandes contou que a equipa técnica recordou a final de Istambul , entre Liverpool e Milan , para motivar as tropas ao intervalo . É normal os treinadores usarem esse tipo de exemplos ? Que me lembre foi a primeira vez que ouvi um exemplo desses . Isso faz parte das caraterísticas de cada treinador e foi algo raro , nunca tinha ouvido falar em exemplos assim , mas eles fazem-nos acreditar que é possível .
Como tem sido trabalhar com o Vítor Bruno ? Como todos sabem ele já conhece o
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