os adeptos à equipa . O que sinto é que os adeptos nos dão muito mais do que aquilo que lhes damos . Quando tens uma criança no teu colo ou gente que vai ver os jogos todos , até em Bilbau , isso dá-nos muito mais do que nós lhes damos .
Consegue explicar a relação que construiu com o FC Porto ao longo destes anos todos ? É realmente difícil . Quando vim para cá tinha 21 anos e era um miúdo . Desde que cheguei que percebi a dimensão do FC Porto . Pouco depois de ter chegado , numa volta da equipa à noite , um amigo disse-me assim : “ Cada treino que fizeres , cada salto e cada corrida que deres , vais ter milhões de portistas a correr contigo ”. Foi aí que o meu chip mudou . Foi aí que disse para mim : ‘ Isto é qualquer coisa . É um sentimento especial e há muita gente a lutar por nós , a acreditar em nós e a ficar feliz por cada vitória nossa ’.
Foi a partir daí que se identificou totalmente com aquilo que são os valores e os princípios do FC Porto ? Sinto que já tinha esses valores antes do momento que falei , mas a partir daí senti que
estava no sítio certo e que era aqui que tinha de estar . O destino foi bom para mim .
Independentemente do que o futuro reserva e dos anos de
carreira que ainda tem pela
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frente , imagina-se a jogar noutro clube que não o FC Porto ? É complicado , já são 11 épocas aqui . Tenho muitos amigos aqui e uma parte da minha família é de cá de cima . É realmente complicado , mas não gosto muito de pensar no futuro . Gosto de me focar no presente e em dar tudo pelo FC Porto .
Toda a sua família está ligada ao basquetebol . Quem é o grande mentor do basquetebol na família ? Eu sou o mentor , fui eu que introduzi o basquetebol na família , e tudo por culpa do meu pai . Quando era miúdo , já tinha experimentado vários desportos como ténis , futebol , judo , natação e outros , mas precisava de um desafio diferente . O meu pai disseme que era grande e que , nessa altura , tinha aberto o Clube de Basquetebol de Portimão . Disseme para tentar a minha sorte e foi assim que começou . Lembro-me que , mal comecei , comprei logo uma camisola do Kobe Bryant , mas no início ia mais para estar com os meus amigos . Depois fui-lhe tomando o gosto e fui chamado à seleção do Algarve e , posteriormente , à seleção nacional de Sub-15 . Foi a partir daí que
senti que isto era a sério . Na altura a convocatória era feita por carta e lembro-me de a minha mãe ter chegado à minha beira a chorar e a dizer que tinha sido convocado . Foi aí que pensei que isto poderia
ser mais do que uma brincadeira .
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Perdeu a sua mãe recentemente . Quão importante foi o basquetebol no meio de tudo isto ? A minha maneira de superar foi continuar a trabalhar e a fazer as minhas coisas , mas sempre a sofrer . A minha mentalidade foi continuar a trabalhar e pensar : não podes parar , há outros que vão continuar a trabalhar para chegar onde tu estás , sai de casa , vai treinar , vai ao ginásio , vai correr . Eram coisas que dizia a mim próprio .
Há alguma coisa que queira cumprir para lhe dedicar ? Há , mas vou guardar para mim . Só o direi quando o cumprir , mas há muitas coisas .
Como é o Miguel Queiroz fora do campo ? Sou muito caseiro e muito simples . Gosto de um bom almoço com
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a minha família ou com a minha namorada . Não preciso de muita coisa para ser feliz . Também gosto de umas boas férias com a minha namorada , com a minha família ou com os meus amigos . Coisas simples .
Há algum desporto que goste de ver além de basquetebol ? A verdade é que quase não vejo basquetebol , tirando quando estudo os adversários ou o meu próprio jogo . Não vejo Euroliga ou NBA , por exemplo . Nos últimos cinco ou seis anos , deixei de ver porque começou a ser demasiado basquetebol para mim . Em alguns momentos sentia que tinha de me desligar do basquetebol . Gosto de ver ténis e gosto muito de ver futebol . Em Portugal só vejo os jogos do FC Porto , mas vejo muita Premier League [ liga inglesa ]. Na Champions também só vejo os jogos do FC Porto , mas em relação ao
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