ENTREVISTA
O regresso do
Rei
O primeiro treinador português campeão europeu de clubes está nestas páginas , onde se recorda o Dragão na mais bela valsa de sempre . A pouco mais de um mês do 27 de maio em Viena , Artur Jorge já era o maior . Depois , o célebre calcanhar de Madjer e o remate de primeira de Juary elevaram o feito a um nível para lá de magnífico .
TEXTO : MUSEU FC PORTO
Em 1987 , nem visto da lua o FC Porto era considerado favorito para a final com o Bayern Munique . O colosso alemão , já com três títulos de campeão europeu no currículo , foi carrasco do Real Madrid nas meias-finais , após ter despachado um notável Anderlecht na eliminatória anterior . Se por cada paraíso existe um inferno , os portistas avançavam para Viena metidos num paradoxo : à felicidade pela presença inédita na final opunhase a séria adversidade que os germânicos representavam . Vistas as coisas desta maneira , Artur Jorge e o FC Porto até podiam sair com bons sentimentos do jogo com o Bayern em caso de derrota , mas a abordagem azul e branca à final nunca se desviou da ambição e da confiança num genuíno sucesso .
Com três anos de trabalho à frente da equipa portista , o técnico sabia perfeitamente como o plantel estava no ponto certo para fazer história e , quando dava voz ao orgulho e comentava “ isto de um treinador português estar nesta final alguma vez tinha de acontecer ”, não era para colocar limites às ambições . “ O mais bonito em futebol é ver os resultados do trabalho , constatar que o que aconteceu não foi obra do acaso , mas sim provocado . Em futebol , nada pega de estaca … Se o FC Porto está na final da Taça dos Campeões é porque o clube tem um projeto ambicioso , liderado pelo presidente Pinto da Costa ”, explicou várias vezes Artur Jorge . Quem o soube interpretar percebeu onde estava o foco do clube e do técnico . “ Vamos com muita esperança e uma estratégia que esperamos que seja a
14 REVISTA DRAGÕES MARÇO 2024