importantes para a história da arte. O machismo admite as mulheres
nuas, o machismo não admite o pênis, pois em certa instancia não
consegue conceber que aquele pênis exposto não está relacionado a
abusos como vemos diariamente por aí, não conseguem admitir o
pênis de um artista não se encaixa nessa lógica patriarcal e doentia.
No fundo todo essa represaria machista admite que o pênis em
inúmeras instâncias é usado como arma de guerra, quando não
usado causa um estranhamento enorme e rapidamente querem
empurrar essa performatividade na caixa de performatividade dos
pênis perigosos que ejaculam sem consentimentos em suas vítimas,
na grande maioria mulheres.
Então, quando o espectador encontra um artista que se dispõe a
manipulação, como as pessoas se relacionam com essa vulnerabilida-
de? Essa é a pergunta que revê-la mais sobre o espectador do que o
artista. A pessoa que vê pedofilia, abuso e promiscuidade, muito pro-
vavelmente não consegue admitir que essa projeção pertence a ela
mesma, ou seja, pertence a quem vê e não a obra. A insegurança com
o pênis é de quem vê e admite que a relação que se estabelece com
o próprio ou pênis, ou pênis em geral é de perigo perto de uma crian-
ça, isso é realmente assustador, o sintoma do “pênis mal” assombra a
cabeça das pessoas, revelando mais uma vez a importância do debate
sobre o “””masculino””” (muitas aspas), o machismo, o abuso, o medo,
etc.
Sobre a obra e o artista?
La Bête é brilhante, a próxima oportunidade que tiverem de apreciar
essa peça estrondosa, não percam tempo, a obra revela discussões
urgentes, não sobre abusos, mas sobre afetuosidades, corpo, dança e
a incerteza do encontro, além de referenciar a mulher artista Lygia
Clark. Wagner Schwartz é um artista brasileiro com carreira reconhe-
cida internacionalmente, ao lado de Cláudia Müller acabaram de fazer
uma belíssima curadoria para a Bienal SESC de Dança de Campi-
nas/2017, foi convidado a apresentar seu estudo (delicadíssimo), no
MAM da cidade de São Paulo, mas infelizmente caiu nas garras
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LA BÊTE E O CORPO NU DE TODAS(OS) NÓS
DIV
ERS
FICA I