duro na perspectiva heterocentrada. Corporalidades desviantes
podem construir discursos desobedientes.
E assim? Você mesma não se aguenta e treme o teu corpo que é só
teu e que eu amo. Eu também não dou conta de mim mesma e
tremo. Nossa demência conjugada. Cavei um furo no meio da barri-
ga que, por coincidência era o meu próprio umbigo, e quando perce-
bi tava murchinha, mas voando. Percepção requer movimento. E eu
já me joguei no teu braço sempre sem reservas e depois catei tudo
sem maiores estragos. Eu te abençoei, te beijei, me honrei de te ter
ali. No meu braço um quilo de cê e sal. A areia da nossa casa que se
enfiava na nossa cama, fazendo e refazendo os contornos, incansá-
vel. Eu me enfiando na minha cama de areia, encurvada à beça, com
o quarto todo inundado. Tem um quilo de sal, água e gente escor-
rendo do meu braço ao meu peito. Depois do que eu passei, abri la
puerta de mi corazón. Meu corpo. Mi cuerpo habitava su cuerpo con
cierta dificuldade. Quase não cabia. Porque não era de caber. Eu vi
ela pegando as carnes. Subindo e descendo, reencaixando. Eu vi a
encaixada e desencaixada do quadril para ver se clic. Olhei e senti
que você e eu também passaríamos a vida inteira clicando e des-cli-
cando. Deslizando. Ou. DESLIZANDO. DeSlIzAnDo no MIRc. Dirlizan-
do, seria o correto.
Outro possível início de texto: Violência. Morte, espancamento, estu-
pro, chantagem emocional, prazeres saqueados, não goza não goza
não goza, transa para agradar, veste-se para agradar, vive para agra-
dar porque não existe sem o olhar de aprovação do macho, se culpa,
ciúmes e controle como as maiores provas de amor, satisfazer seu
homem, cuidar dele, coisas de homem, você é louca, você é doente,
você não é normal, o que você sente não é normal, como pensa não
é normal, sua libido não é normal, as posições que você gosta não
são normais, o tamanho do seu canal vaginal não é normal, seus
desejos não são normais, só transo assim, dedo no cu não. TUDO É
DOENTE NA HETEROSSEXUALIDADE.
DIV
ERS
FICA I
DIVERSIFICA 21