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Finalmente cheguei aos meus 15 anos. Deixei minha irmã Maria Clara em Sergipe e me
mudei para São Paulo. Foi um ano difícil, naquele mesmo ano meu pai veio a falecer.
A vida aqui em São Paulo também não foi fácil. Como boa parte das meninas retirantes do
Nordeste, comecei a trabalhar como doméstica.
A minha patroa me fazia de escrava, cheguei a lavar o banheiro de joelhos com sabão de
pedra.
Comia o que sobrava do café da manhã, do almoço ou do jantar. Se não sobrasse eu
ficava com fome. Até que um dia jantei os dois bifes que seria o jantar do meu patrão.
Quando a minha patroa não encontrou a comida, tive que confessar “o meu crime”.
Naquele mesmo dia, tive que voltar para a casa da minha irmã.
Ao completar 18 anos fui trabalhar na casa de um casal de idosos. A senhora chamava-se
Raquel e o senhor Isaque. Foi a partir dai que minha vida melhorou, eles me tratavam como
uma filha. Colocaram-me na escola, apesar dos meus 18 anos não sabia ler ou escrever.
Fiquei ali por 04 anos.
Logo conheci João Batista com quem convivo até hoje. Sofri muito, mas hoje sou feliz.
Adrielly Mendes Santos – Entrevistada: Nelsa Barbosa Santos, 61 anos
MEMÓRIAS LITERÁRIAS – 6ª C – Tatiane Elisabeth
Sou mineira de São Sebastião do Paraiso. Quanto eu tinha sete anos, eu e minhas irmãs
levantávamos às sete horas. Tomávamos café e íamos para a lavoura. Não era fácil
levantar descalço no frio, mas íamos mesmo assim. Nós frequentamos a escola poucas
vezes, tínhamos que trabalhar e também não tivemos infância.
Quando completei dezesseis anos, me casei e vim para São Paulo. Agora tenho 66 anos e
mesmo que naquela tempo não tenha sido fácil, eu sinto saudades.
Tatiane Elisabeth – Entrevistada – Maria Aparecida de Oliveira, 66 anos.
MEMÓRIAS LITERÁRIAS – 6ª D – Mateus de Andrade
Nasci em São Paulo em 30 de janeiro do ano de 1954. Eu e minha família morávamos na
Zona Sul de São Paulo, mais especificamente no Capão Redondo. Lá tinha água encanada,
rua asfaltada, eletricidade e transporte público.
Quando ainda era criança eu e minha família nos mudamos para o extremo sul de São
Paulo, para um bairro chamado Grajaú. Naquela época muitas pessoas estavam se
mudando para esse bairro.
Naquela época o bairro era ainda tomado pelo mato e não existia eletricidade, muito
menos rua asfaltada, água encanada ou transporte público.
Apesar de todas essas dificuldades, eu gostava muito do bairro naquele tempo. Havia
muitos pássaros, a represa era cheia, não tinha poluição, nem perigo como existe agora.