Detectives Selvagens 2- Medo | Page 18

Madalena serra na face do irmão) Agora, toda essa tua teoria me parece um delírio típico de um individuo encarcerado há meses na sua própria casa, refém de si próprio, e que tem de encontrar alguma coisa com que se ocupar. Compreendo que isto até te possa estar a fazer bem, mas nada do que tu disseste fez algum sentido para mim, Rui... (ret ira a mão da face do irmão e olha cabisbaixa o soalho de madeira gasta, desanimada) Rui (dirige-se novamente até à janela e coloca as mãos no parapeito) Não percebo porque tens medo, sendo o teu marido um desses inspectores que vês pela cidade de duas em duas esquinas, como dizes. (olha Ana por cima do ombro, desprezando-a com as suas palavras) Aliás, tu nem sequer percebes a dimensão do que se passa verdadeiramente nesta cidade. Ao contrário de ti, quando esta catástrofe ocorreu, eu estava na rua e por lá fiquei a tentar perceber o que se passava e se poderia ser útil. Mas aqueles merdas… Aqueles merdas, logo ao fim de umas míseras duas horas, se tanto, já andavam na rua a abordar todos os homens (cerra as mãos no parapeito da janela), interrogaram-me e fizeram com que os acompanhasse. Reparas bem na dimensão da coisa, Ana? Em poucas horas 18