Madalena serra
na face do irmão) Agora, toda essa tua teoria me
parece
um
delírio
típico
de
um
individuo
encarcerado há meses na sua própria casa, refém
de si próprio, e que tem de encontrar alguma coisa
com que se ocupar. Compreendo que isto até te
possa estar a fazer bem, mas nada do que tu
disseste fez algum sentido para mim, Rui... (ret ira
a mão da face do irmão e olha cabisbaixa
o soalho de madeira gasta, desanimada)
Rui
(dirige-se novamente até à janela e coloca as mãos
no parapeito) Não percebo porque tens medo,
sendo o teu marido um desses inspectores que vês
pela cidade de duas em duas esquinas, como dizes.
(olha Ana por cima do ombro, desprezando-a com
as suas palavras) Aliás, tu nem sequer percebes a
dimensão do que se passa verdadeiramente nesta
cidade. Ao contrário de ti, quando esta catástrofe
ocorreu, eu estava na rua e por lá fiquei a tentar
perceber o que se passava e se poderia ser útil.
Mas aqueles merdas… Aqueles merdas, logo ao
fim de umas míseras duas horas, se tanto, já
andavam na rua a abordar todos os homens (cerra
as mãos no parapeito da janela), interrogaram-me
e fizeram com que os acompanhasse. Reparas bem
na dimensão da coisa, Ana? Em poucas horas
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